6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro promete acabar com a Folha de São Paulo

“Por si só esse jornal se acabou”, disse presidente eleito ao vivo no Jornal Nacional

O presidente eleito Jair Bolsonaro concedeu uma série de entrevistas exibidas na noite desta segunda-feira (29). Ele esteve em cinco canais, durante um período de duas horas. Todas as participações foram ao vivo.

Ele falou com a Record com mais de meia hora, com a SBT por 8 minutos e por sete e Rede Globo durante 12 minutos. Suas participações na Band (quase meia hora) e RedeTV! sete foram gravadas, mas o que ficará na memória foi o falado ao vivo no Jornal Nacional: ele vai acabar com a Folha de São Paulo.

Em entrevista com William Bonner, que lembrou o fato dele prometer uma “imprensa livre”, questiona a vontade do Capitão reformado querer acabar com um determinado jornal. O âncora preferiu não dizer qual. Bolsonaro foi direto: disse sim que se tratava da Folha e seus motivos, como sempre, são por informações desencontradas e de fake news – da parte dele.

“Não quero que a Folha acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal”. O presidente eleito, depois, completou: “Por si só esse jornal se acabou”. Prontamente, ele foi criticado pro Geraldo Alckimin (PSDB), derrotado nestas eleições.

Acusações

“Sou totalmente favorável à liberdade de imprensa”, disse ele afirmando que uma propaganda oficial de governo “é outra coisa”. Ele reclamou de matérias do jornal sobre a Wal do Açaí, que teria feito “uma matéria e a rotulou de forma injusta como ‘fantasma'”, lamentou ele, lembrando que sua fantasma, desde 2003, é uma senhora, mulher, negra e pobre. Walderice pediu demissão após a publicação.

Na sequência da entrevista à Globo, Bolsonaro fez nova acusação contra o jornal. “Inclusive a última matéria, onde eu teria contratado empresas fora do Brasil, via empresários aqui para espalhar mentiras sobre o PT. Uma grande mentira, mais um fake news do jornal Folha de S. Paulo, lamentavelmente”, afirmou.

Na verdade, a reportagem publicada no dia 18 de outubro afirma que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT. O pagamento por empresas de ações que beneficiem a campanha de um candidato é proibido pela lei eleitoral.

Após as afirmações de Bolsonaro, Bonner pediu a palavra, defendeu o Jornal, mas o presidente eleito preferiu se silenciar. Você pode ver toda a entrevista abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=bEoQ5zx3Fbg