3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro vs Bivar: PSL resiste à ação da PF, pergunta por Queiroz e mira filhos do presidente

O senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) vão ser destituídos de comissões provisórias

Em confronto direto com Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), planeja destituir os irmãos Flávio e Eduardo Bolsonaro do comando regional do partido no Rio e em São Paulo.

No Rio e em São Paulo, a direção do PSL é constituída por comissões provisórias. Presidentes em seus estados, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) têm mandato até dezembro.

Porém, pelo artigo 72 do estatuto do PSL, compete ao presidente da sigla “promover ato de dissolução dos diretórios e comissões provisórias nos estados ou municípios, nos termos do estatuto em conjunto com a maioria da executiva nacional”.

Segundo parlamentares do PSL, o plano de dissolver as comissões provisórias está definido desde a semana passada, antes mesmo de a Polícia Federal cumprir, na manhã desta terça-feira (15), mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar.

 

Para a vaga de Flávio, no Rio, deve ser escolhido o deputado federal Sargento Gurgel. Para o lugar de Eduardo, em São Paulo, o cotado é o deputado Junior Bozzella, que já integrava o partido antes da filiação dos Bolsonaro.

Deputados próximos a Bivar dizem que ele desejaria conversar com Flávio, com quem tem mais afinidade para buscar uma saída negociada da presidência do PSL do Rio. Mas a crise provocada por recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro, recomendando que um apoiador esquecesse o PSL, precipitaram o debate.

Queiroz era um dos assessores no Rio de Janeiro e peça chave no esquema da rachadinha de Flávio Bolsonaro

E o Queiroz?

O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), questionou a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no caso. “O presidente da República tem bola de cristal, porque ele ataca o presidente do partido e na semana depois acontece a operação”, disse Waldir.

Defensor do presidente do partido, o líder afirmou que o PSL está “extremamente tranquilo” com a operação. Segundo ele, a cúpula da legenda é a favor do combate à corrupção, inclusive no caso de Flávio Bolsonaro (RJ).

“Acho que só falta a busca na casa do Queiroz e do senador”. Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara.

Fabrício Queiroz é o ex-assessor de Flávio que registrou movimentações financeiras consideradas suspeitas e incompatíveis com seus rendimentos. Os investigadores suspeitam que ele agia a mando do filho do presidente no recolhimento de parte do salário dos funcionários do gabinete, em um esquema chamado de “rachadinha”.

O líder do partido na Câmara afirmou ainda ter “certeza” de que Bolsonaro sabia do andamento das investigações da PF. Por isso, teria criticado Bivar na semana passada, afirmando que ele estava “queimado”. O deputado acredita que o governo está tentando “minar aos poucos o PSL”.

MP que mexe com pontos sensíveis como o Coaf coloca governistas e PSL frente a frente

PSL bate cabeça na Câmara

No dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação contra o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), o grupo de deputados da legenda que apoia o dirigente tentou um contra-ataque no plenário da Câmara.

Na pauta da Casa, está uma medida provisória que trata sobre a reformulação da estrutura do Poder Executivo e mexe com pontos sensíveis como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A medida precisa ser aprovada até esta quarta-feira (16), pela Câmara e Senado para não perder a validade.

O grupo conta com o presidente da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), e também com o líder da legenda na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO). A orientação do partido é de obstruir a votação, enquanto a do governo, feita pelo Major Vitor Hugo (PSL-GO), é de aprovar.

Os deputados pró-Bivar tentam ainda reduzir o quórum do plenário para que a sessão seja encerrada, e a CCJ possa retomar o debate sobre o projeto que trata da possibilidade de prisão em segunda instância.