20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Blog

Carta de Tavares contra Gaspar revela o mundo político do MPE

O mundo partidarizado das instituições avança pelo País

É cada vez mais falacioso o discurso de personalidades da vida pública e autoridades contra os políticos, quando elas mesmas passam a brigar para serem do meio. Ou melhor, para terem um mandato.

Essa situação, no Brasil de hoje, expôs as instituições, revelando a partidarização que as envolve e, muitas vezes, de forma exacerbada. Ou seja, todos respiram política e passam, de alguma forma, por indicações dos chefes políticos.

Não precisa ir ao plano federal para perceber a questão. Um exemplo real está no Ministério Público Estadual. O atual comandante da instituição, o Procurador Geral Alfredo Gaspar de Mendonça, midiático por excelência, não faz mais nada sem a conotação política.

Atuou como Secretário de Segurança Pública com a postura de um xerife implacável e logo tomou gosto pela política. Assim, é pré candidato às eleições deste ano. Ao Senado, à Câmara Federal, não se sabe. Nada disse até agora para desmentir a suposta candidatura.

O antecessor de Gaspar, Eduardo Tavares, foi Secretário de Segurança no governo passado, candidato a governador, hoje é prefeito da sertaneja Traipu, exercendo politicamente e partidariamente a sua militância.

O pior. Uma briga de egos expôs ambos e os nivelou na seara política como os comuns do meio. Uma carta de Tavares acusando Gaspar de envolvimento em fraude em uma pesquisa na internet gerou um frenesi na instituição a que pertencem e chamou a atenção de parte da sociedade.

A pesquisa foi  realizada por uma entidade de classe dos Policiais Federais, também partidarizada, por que não esconde a preferência de seus dirigentes pelo pré-candidato a Presidente, Jair Bolsonaro. Vale lembrar, contudo, que em outras gestões, a entidade tinha preferência por Luiz Inácio Lula. Todos políticos e olho no poder.

Mas, as revelações da carta de Tavares resultaram em um efeito moral lastimável. Não foi para menos. Os termos são duros e sugere a existência de uma trama entre policiais federais e o atual Procurador com o objetivo de alavancar a candidatura de Gaspar.

O texto do missivista fala de “falsos profetas”, “falsos salvadores da pátria” e “pretensos paladinos da justiça”. Tudo isso com um alvo em mira e direito a repúdio das atitudes.

Tavares decidiu ir às ultimas consequências no âmbito judicial para o julgamento dos fatos, pois se considera prejudicado pela tal pesquisa, considerando que seu nome foi colocado nela e, segundo atesta, foi vitima da manipulação dos dados.

Se tudo isso é fato, do ponto de vista da legalidade se apresenta absolutamente controverso, principalmente por envolver duas personalidade tidas como guardiães do direito. Se apurados os fatos, conforme as acusações ter-se-á aí uma questão a atingir o campo da moralidade.

Mas independentemente, está evidenciada a questão de que o Ministério Público é uma instituição que respira a política de interesses igual as outras e com os mesmos defeitos e vícios de egos e superegos que povoam internamente e midiaticamente o parquet.

Enfim, todos respiram política. E não é demais repetir: Nesse meio não há anjos, nem santos.

 

One Comment

  • Engraçado é você criticar o meio político dizendo que não há anjos, nem santos, quando você mesmo fez parte desse meio no governo do Cícero Almeida é pior, defendendo na mídia a santidade do então prefeito.

Comments are closed.