28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Carta pela democracia é lida na USP com gritos de ‘Fora Bolsonaro

Documento não sita o presidente, mas movimento é visto como uma resposta às declarações golpistas do mandatário

A carta em defesa da democracia organizada por juristas foi lida no começo da tarde de hoje (11) em evento organizado pela Faculdade de Direito da USP, conhecida como São Francisco, na região central de São Paulo.

Após a leitura do documento, que reúne mais de 950 mil assinaturas, a plateia que acompanhava o ato dentro do prédio reagiu com gritos de “Fora, Bolsonaro”.

Mais cedo, no mesmo prédio da faculdade, foi lido o documento feito pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também em defesa pela democracia.

Embora as duas cartas não citem diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), elas são vistas como uma resposta às declarações golpistas do mandatário contra o processo eleitoral no país, em especial contra as urnas eletrônicas.

Nos discursos feitos antes das leituras, os oradores tiveram a preocupação de não citar o nome do presidente. Nas redes sociais, Bolsonaro ironizou o ato.

No meio político, estavam presentes: Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo, Marina Silva (Rede), candidata a deputada federal por São Paulo, Márcio França, ex-governador de São Paulo e candidato ao Senado, a deputadas federais Joice Hasselmann (PSDB-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), Guilherme Boulos (PSOL), candidato a deputado federal, Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), e Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores no governo FHC.

Leitura

A carta pela democracia foi lida por três professoras da USP, que se descreveram, respectivamente, como preta, branca e morena, e por um homem branco, um advogado.

Uma delas, Eunice Aparecida de Jesus Prudente, formada e doutora pela USP, foi autora da primeira tese que propõe a criminalização da discriminação racial, em 1980.

A segunda a ler um trecho da carta foi Maria Paula Dallari Bucci, professora de direito do Estado na instituição. Ela é filha do professor emérito e ex-diretor da faculdade, Dalmo de Abreu Dallari, que morreu em abril de 2021, aos 90 anos de idade, e foi um dos signatários da carta de 1977.

Flávio Bierrenbach, que também participou da articulação do manifesto dos anos 1970, foi o terceiro. Naquele ano, ele era vereador de São Paulo pelo MDB e participou ativamente da elaboração de planos de segurança e de fuga em torno do ato em que o professor Goffredo da Silva Telles Jr. subiu à tribuna no pátio da faculdade para criticar o governo militar.

Bierrenbach, um homem branco, foi o único a não citar a cor da pele na descrição. “Visto camisa vermelha e gravata vermelha em homenagem à cor dos advogados, em homenagem à bandeira do Largo de São Francisco.”