20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Com medo de perder, Bolsonaro usa ‘radiogate’ para tumultuar resultado do 2º Turno

Jair até quis adiar a eleição de domingo, mas não teve apoio dos ministros em coletiva

Na noite desta quarta (26), o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento. Horas antes dele ser marcado, especulava-se qual o motivo de sua fala, mas já se sabia que seria com o “escândalo da falta de inserções de rádios” (ou ‘Radiogate’) como foco principal.

Deu que acabou sendo apenas isso: uma choradeira sobre as rádios, o TSE e Alexandre de Moraes:

“Nosso jurídico deve entrar com recurso, já que foi para o STF (Supremo Tribunal Federal). Da nossa parte, iremos às últimas consequências dentro da Constituição para fazer valer o que nossas auditorias constataram: enorme desequilíbrio das inserções [de rádios], isso interfere na quantidade de votos no final da linha”.

Para quem está acostumado com as mentiras do presidente, esse discurso foi mais do mesmo. Só que poderia ser muito pior, pois antes de sua fala ele precisou ser convencido pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, de sua ideia original: suspender a realização do 2º turno no domingo.

Leia mais: Exonerado do TSE por interferir a favor de Bolsonaro depõe na PF sobre inserções nas rádios

Bolsonaro queria radicalizar, pisar na canela. Torres, sabendo que o TSE nada tem a ver com essas inserções (na verdade, esta é uma tarefa para as campanhas de forma individual realizarem), o convenceu a recuar. Daí, na coletiva, o presidente apareceu apenas ao lado do próprio Anderson Torres e do general Heleno, que entraram mudos e saíram calados.

Quem entende da situação sabe que seria errado, desproporcional, ilegal, golpista adiar a votação de domingo. Mas é o que ele tem a fazer, por estar com medo de perder.

TSE

A coletiva aconteceu depois que o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), rejeitou o pedido de Bolsonaropara investigar supostas irregularidades em inserções de rádio.

Em sua decisão, Moraes apontou tentativa do candidato à reeleição de tumultuar a disputa ao fazer acusações com provas “extremamente genéricas”.

Bolsonaro, claro, reclamou no pronunciamento no Palácio do Alvorada dizendo que que o magistrado “não segue a nossa Constituição e não tem respaldo do Ministério Público”.

O ruim para Bolsonaro é que Moraes não só segue a Constituição como entendeu a balela do Radiogate, determinando que seja expedido um ofício à Procuradoria-Geral Eleitoral para apurar suposto cometimento de crime eleitoral com finalidade de tumultuar o segundo turno das eleições em sua última semana.

O ministro instaurou ainda um procedimento administrativo para eventual desvio de finalidade na utilização de recursos do Fundo Partidário pela campanha de Bolsonaro no caso.

Isso porque o servidor exonerado, um agente de Bolsonaro, estava atrapalhando no caso e chegou até a mentir em depoimento na PF. Até mesmo as rádios acusadas de não veicularem as inserções da campanha de Jair desmentiram o dossiê.

Faltam 3 dias para as eleições.