3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Contra mais uma crise, Governo corre para garantir aprovação da Previdência

Aliados reconhecem que é preciso haver ajustes na articulação com o Senado para blindar reforma

Com uma semana de atraso, o plenário do Senado concluiu nesta quarta-feira (2) a aprovação da proposta. E a versão aprovada incomodou a equipe econômica.

O Senado retirou do projeto a criação de um critério mais rígido para o abono salarial, espécie de 14º salário pago pelo governo a trabalhadores de baixa renda e com carteira assinada. A derrota foi resultado de uma aliança entre a oposição e senadores do MDB e Podemos, partidos insatisfeitos com a articulação política do Planalto. Esse foi o único revés que o governo sofreu no plenário.

Agora, a estimativa de corte de gastos previdenciários em dez anos caiu para R$ 800 bilhões. A reforma saiu da Câmara com uma projeção de corte de gastos de R$ 933 bilhões em uma década. A versão original, enviada pelo governo em fevereiro, previa uma redução de R$ 1,2 trilhão nas despesas. Guedes tinha como meta um impacto fiscal de R$ 1 trilhão.

Na tentativa de blindar a reforma da Previdência e aprová-la de forma definitiva e sem novas derrotas até meados deste mês, o governo vai tentar contornar insatisfações na relação com o Senado. O desafio, agora, é o segundo turno da votação.Integrantes do governo Bolsonaro reconhecem que ajustes na articulação política são inevitáveis para a próxima etapa, esperada para ocorrer até o dia 15 de outubro.

Ministro da Economia, Paulo Guedes não gostou das mudanças feitas no Senado, presidido por Davi Alcolumbre

Acordos pela aprovação

O governo deve intensificar o mapeamento de pendências e demandas. Senadores reclamam que o Planalto tem priorizado a Câmara nas negociações.

Articulador informal do governo no Congresso, o secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, foi escalado para atuar como bombeiro e fazer um levantamento dos pedidos. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reconheceu que a votação pode ficar para a segunda quinzena do mês.

Descontente com a desidratação da reforma no Senado, o ministro Paulo Guedes (Economia) decidiu rever o pacto federativo, conjunto de medidas que buscam destinar mais recursos para estados e municípios e que incluem a distribuição de recursos do megaleilão de petróleo. É uma forma de compensar as perdas com a votação da reforma da Previdência.

Nesta quarta, a agenda de Guedes previa encontros com bancadas de senadores do PP, PSD e MDB. Todas as agendas foram canceladas. Auxiliares do ministro afirmam que o cancelamento foi necessário para que a equipe possa se debruçar sobre os novos cálculos do pacto.