20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Cultura

Coretfal celebra 50 anos de atividades com novo espetáculo: Festança

Festança remete a memórias de infância, no bairro do Pontal, sob o olhar do maestro Almir Medeiros

 

 

Coretfal: 50 anos de atividades ininterruptas

O CORETFAL – Coral do Instituto Federal de Alagoas, grupo conhecido e aplaudido no cenário local, nacional e internacional do canto coral, comemora seu jubileu de ouro em grande estilo, com a montagem e apresentação do espetáculo “Festança”, inspirado na obra homônima do maestro Almir Medeiros.

Nos dias 31 de outubro e 1 de novembro o Coretfal (Coral do Instituto Federal de Alagoas) apresenta, no palco do teatro Gustavo Leite, às 20 horas, seu novo espetáculo temático Festança, celebrando uma trajetória de 50 anos de atividades ininterruptas que começaram pelas mãos de sua fundadora, a maestrina Maria Augusta Monteiro, e seguem sob regência da maestrina Fátima Menezes. Festança é inspirado na obra homônima do maestro Almir Medeiros – há muitos anos parceiro musical e amigo do grupo. O espetáculo é realizado pelo IMAM – Instituto Maria Augusta Monteiro e tem apoio do IFAL. “O Coretfal faz parte da biografia alagoana e é o orgulho da nossa instituição”, celebra o reitor do IFAL, professor Carlos Guedes.

Festança remete a memórias de infância, no bairro do Pontal, costuradas pelas linhas das filezeiras que até hoje emolduram cenas do cotidiano da comunidade situada entre o mar e a lagoa Mundaú. As festas, sempre transitando, com graça, entre o sagrado e o profano; a pescaria, garantindo o sustento de famílias inteiras; as brincadeiras de rua, ainda sem os medos contemporâneos; a expectativa pela chegada do Natal, São João e Carnaval, prenúncio de roupa nova e folia; o dia do padroeiro, São Sebastião, celebrado com devoção e esperança no que há de vir, igreja cheia.

Almir Medeiros puxou o fio dessas vivências – comum a todos os bairros, de todas as cidades do planeta, mas tão especial ao olhar de quem protagoniza a aventura de estar ali. Foi como se quisesse apresentar, ao resto do mundo, aquilo que os personagens da “mitologia do pontal” já enovelam, tecem e dão forma, desde sempre. Começou a traduzir essas lembranças em partituras e instrumentos de orquestra e se percebeu narrando a própria história, de trás pra frente. O designer gráfico, Silvano Almeida, outro pontalense de raiz, captou essa emoção e a ilustrou nas tramas do filé, milimetricamente desenhadas nas peças da comunicação visual do espetáculo.

“Foi a forma mais feliz de celebrar o Jubileu de Ouro do Coretfal e a memória de nossa fundadora, Maria Augusta Monteiro, minha mãe, que dedicou tantos anos de sua vida à música e ao grupo e me deixou esse legado de inestimável valor histórico, artístico e humano” .

(Fátima Menezes, regente Coretfal)

Seria inevitável esbarrar com o Coretfal que, no mesmo diapasão do destino, já arquitetava os festejos de seu jubileu de ouro, cinco décadas de uma trajetória rica e desafiadora, dedicada à música e ao canto coral como vocação e devoção. Fátima Menezes, a regente do grupo e herdeira da batuta de Maria Augusta Monteiro, ao ser apresentada ao ainda embrião do Festança, reconheceu na obra do amigo o melhor caminho para comemorar uma data tão significativa: “foi a forma mais feliz de celebrar o Jubileu de Ouro do Coretfal e a memória de nossa fundadora, Maria Augusta Monteiro, minha mãe, que dedicou tantos anos de sua vida à música e ao grupo e me deixou esse legado de inestimável valor histórico, artístico e humano”. Almir referenda: “Se a estreia de uma obra já é uma alegria imensurável para o compositor, imagina ver essa obra sendo cantada em comemoração aos 50 anos de um grupo que é referência no canto coral no país!”.

As “coincidências” não deixavam dúvidas: Almir Medeiros – na meninice do Pontal da Barra e na carreira de músico – e o Coretfal – pautado pela MPB, pelas manifestações da cultura popular do Nordeste, pelo figurino elaborado em inúmeras releituras do filé do Pontal – beberam e bebem na mesma fonte.  Tudo convergindo, entram em cena os “artesãos” convidados para trabalhar na adaptação do enredo e na reunião de todos os elementos do espetáculo: partituras, coralistas, músicos, coreografias, luz, figurinos, cenários e produção. Flávio Rabelo assina a direção geral; Fátima Menezes cuida da direção executiva e coordena a equipe de produção; Almir Medeiros faz a direção musical e arranjos; Alex Cerqueira responde pela direção de arte, capitaneando sua equipe; Joelma Ferreira é a diretora de coreografia; Felippe Oliveira é responsável pela preparação vocal do grupo; Arnaud Borges faz a direção de palco; Silvano Almeida é o designer gráfico; Moab de Oliveira e Paulo Medeiros fazem luz e som, respectivamente; e Gal Monteiro coordena a equipe da assessoria de comunicação.

“O que teremos em cena é esse ato duplo: festejar cantando nossas festas, num desejo intenso de reverenciar os que vieram antes e animar os que virão”

(Flávio Rabelo, diretor geral de Festança).

Coretfal e o espetáculo revolucionário: Festança

A proposta estética de Festança inclui esperta e assertiva brincadeira com luz e sombra, por onde desfilam traquitanas manipuladas, à guisa de memórias e surpresas. É como um convite a adivinhar, compor junto, mergulhar em histórias alheias que encantam e se tornam coletivas. O espetáculo nega o falso dilema entre “erudito” e “popular”. Na verdade, em momento algum essa questão aparece como pauta. Festança deixa claro que o mais relevante em uma obra de arte é a possibilidade de fomentar acesso a cada experiência que as linguagens artísticas promovem. Flávio Rabelo define bem esse sentimento: “o que teremos em cena é esse ato duplo: festejar cantando nossas festas, num desejo intenso de reverenciar os que vieram antes e animar os que virão. Para que as nossas festas e todas as sabedorias a elas inerentes sejam cada vez mais praticadas e tenham seu devido lugar no nosso imaginário. Para firmar a importância da memória enquanto gesto criativo, capaz de recriar não apenas o passado, mas também o futuro, ao abrir novas possibilidades de existência, individuais e coletivas”.

Na textura dessa trama também cabe a saudade cálida e amorosa dos que, nessas cinco décadas, passaram pelo Coretfal, cuidaram do ofício e, infelizmente, já se mudaram para outros planos: Adelaide, Alzeir, Everlene, Eris Maximiano, Floriano, Godoy, Simão. Eles são parte desse tecido humano, contraditório, rico e finito com que é urdida a infinita grandeza das artes e, certamente, cuidam de aperfeiçoar o canto dos anjos, sob regência da Maria Augusta.

O único dilema – que suscita, no grupo, questionamentos e uma onda enorme de tristeza e inconformismo – é o fato de estarem celebrando 50 anos de trabalho, criação e paixão no momento em que bairros de Maceió – mencionados com tanta alegria e reverência nas peças musicais do espetáculo – estejam, hoje, afundando, sendo varridos da memória da cidade como consequência da ação criminosa de uma mineradora. Contudo, dizem os integrantes do Coretfal, “vamos cantar o respeito a sua história e a esperança de que se faça justiça para os cidadãos que perderam sua referência, nessa tragédia anunciada. Somos solidários e dedicamos, também a vocês, a nossa arte”.

“O espetáculo Festança é sobre o passado, o presente e o futuro. É fé na festa!”

(Joelma Ferreira, coreógrafa do Festança)

É como diria Joelma Ferreira, “o Festança é sobre o passado, o presente e o futuro. É fé na festa!”. E Flávio Rabelo completa: “Festança é uma grande homenagem à força criativa e produtiva do Coretfal em seus 50 anos de existência. Uma comemoração por tudo e todos que fizeram essa força se manter por todo esse tempo, um mérito que realmente precisa ser muito festejado”. Tem Festança no jubileu, tem jubileu na Festança!

 

 SERVIÇO:

O QUE: Festança: 50 anos do Coretfal

QUANDO: dias 31 de outubro e 1 de novembro, às 20 horas

ONDE: Teatro Gustavo Leite, no Centro de Convenções, Jaraguá

CONVITES:

– Disponíveis ao público a partir de 27 de outubro, na plataforma Doity doity.com.br/coretfal-50-anos

– Disponíveis ao público na bilheteria do teatro Gustavo Leite nos dias 29, 30, 31 de outubro e 1 de novembro, das 14 às 17 horas

ENTRADA: Pedimos ao público a gentileza de levar um quilo de alimento não perecível. Os alimentos serão doados ao Lar São Vicente de Paula.

INFORMAÇÕES: Assessoria de Comunicação – (82) 99831-0021 | @coretfal (instagram)