21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Datafolha: Reprovação de Bolsonaro subiu para 38%

Os que consideram atual governo como ruim ou péssimo já supera os que consideram ótimo ou bom

O presidente diminuiu

Nos primeiros meses do governo Bolsonaro, observava-se um empate técnico nas pesquisas de avaliação: curiosamente, os números eram sempre próximos de 33% para os que avaliavam positivamente, negativamente e também dos que eram indiferentes. Mas com as constantes crises e os problemas na economia, estes terços vão se diluindo.

A reprovação do presidente subiu daqueles 33% para 38% em relação ao levantamento anterior do Datafolha, feito no início de julho, e diversos indicadores apontam uma deterioração de sua imagem. Foram ouvidas 2.878 pessoas com mais de 16 anos em 175 municípios.

Como consequência, a aprovação de Bolsonaro também caiu, dentro do limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, de 33% em julho para 29% agora. A avaliação do governo como regular ficou estável, passando de 31% para 30%.

Queda

De dois meses para cá, o presidente viu aprovada na Câmara a reforma da Previdência, sua principal bandeira de governo e iniciou uma escalada de radicalização, acenando a seu eleitorado mais ideológico com uma sucessão de polêmicas.

Foi quando Bolsonaro sugeriu que o pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) havia sido morto por colegas de luta armada na ditadura, indicou o filho Eduardo para a embaixada brasileira em Washington e criticou governadores do Nordeste, chamando-os de “paraíbas”.

Essa crítica ao Nordeste, inclusive, teve peso: Região considerada antibolsonarista, seu índice de ruim e péssimo subiu de 41% para 52% na região de julho para cá.

Neste período, o presidente bater ainda de frente com o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) com mudanças na Polícia Federal e extinção do Coaf (órgão de investigação financeira em atuação desde 1998), recriado de forma ainda incerta sob o Banco Central. Tudo para coibir investigações sobre seu filho Flávio, senador pelo PSL-RJ.

A imagem piorou, internacionalmente até, ainda mais diante do desmatamento e as queimadas da Amazônia. Há grande rejeição à condução de Bolsonaro na questão: 51% a consideram ruim ou péssima.

Aqui, a crise teve demissão do diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) por falta de concordância do presidente com os números de desmate aferidos pelo órgão e bate-boca internacional com o presidente francês Emmanuel Macron.

Os sinais já eram claros

Perda de apoios

O presidente perdeu muito do apoio entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 salários mínimos. Neste segmento, a aprovação ao presidente caiu de 52% em julho para 37% agora, mas segue acima da média.

A pior avaliação, como esperado é entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos (22%), os mais jovens (16 a 24 anos, 24%) e com escolaridade baixa (só ensino fundamental, 26%).

A disparada de rejeição no Nordeste é acompanhada também em áreas tradicionalmente bolsonaristas. A região Sul, por exemplo, teve um aumento de 25% para 31% entre os que avaliam o governo como ruim ou péssimo.

As mulheres seguem rejeitando mais o mandatário do que os homens: 43% delas o acham ruim ou péssimo, ante 34% dos homens. E nada menos que 44% dos brasileiros não confia na palavra do presidente, enquanto 36% confiam eventualmente e 19%, sempre.

Com tudo isso, Bolsonaro segue sendo o presidente eleito mais mal avaliado em um primeiro mandato, considerando FHC, Lula e Dilma.