5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Decretos mais rígidos num país sem vacinas são a solução, mas interesses econômicos insistem em paliativos

Por mais quanto tempo vamos usar baldes pra tirar água do barco que está naufragando

Na manhã desta quarta (3), lideranças do setor produtivo se reúnem na Associação Comercial de Maceió para debater alternativas que possam minimizar os danos causados pela pandemia.

O encontro acontece um dia após o de Governo de Alagoas e a Prefeitura de Maceió se reunirem com a categoria, no Palácio República dos Palmares. Entretanto, daquela vez, nenhuma nova medida em relação ao Plano de Distanciamento Social Controlado, especialmente um lockdown, ficou definida.

Na oportunidade, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, ressaltou ser “necessário que neste momento não marginalizemos nenhum segmento diante da sociedade”.

Apenas paliativos

O discurso bate com a nota da Aliança Comercial, que em 25 de fevereiro desse ano disse ser injusto “responsabilizar o comércio” com decretos mais rígidos. O detalhe aqui é enfatizar que foi em fevereiro de 2021, pois a pandemia já completou um ano e nada da situação melhorar.

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Enquanto no restante do mundo os índicos de contágio, ocupação hospitalar e morte estão caindo, seja pela adoção de máscaras, rigidez no distanciamento social e principalmente ampla vacinação, o mesmo não pode ser dito no Brasil.

Ontem mesmo, batemos um infeliz recorde: foram 1.726 mortes confirmadas em um intervalo de 24 horas e não há previsão de queda. Alagoas ainda não retornou ao índice de mais de 20 mortes diárias em seu pior momento, mas estamos encaminhando para isso. Especialmente se medidas meia boca continuarem sendo tomadas. Não só em todo estado, mas em todo o país.

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Claro, a gente sempre pode repetir medidas paliativas, com fiscalização ilusória, por mais alguns semestres. Não me levem a mal: a situação vai ficar horrível e caótica por tempo indeterminado, principalmente sem cobrança por mais vacinas, mas pelo menos não fechamos o comércio por algumas semanas, não é mesmo?

Sério: por mais quanto tempo vamos usar baldes pra tirar água do barco que está naufragando, ao invés de agir sério e reparar todo o furo da embarcação e todos seus problemas estruturais?

Barato não vai ser, óbvio, mas passado um ano de pandemia, já deveríamos saber que pensar a curto prazo provoca endividamentos a longo prazo. Alguns deles, irrecuperáveis. Os mortos então, nem se fala. Ou não falam.