20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Depoimento do “desesperado” Anderson Torres à Polícia Federal acontece hoje

Interrogatório será sobre ação da PRF no segundo turno das eleições

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres deve depor, nesta segunda-feira (8), à Polícia Federal (PF), em Brasília. Previsto para começar às 14h30, o interrogatório ocorre no âmbito do inquérito que apura a suspeita de que, durante as eleições de 2022, parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou para dificultar o acesso às urnas por eleitores de regiões onde o então candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha vencido o primeiro turno.

Torres é suspeito de, à frente do ministério, ao qual a PRF é subordinada, ter agido para que a corporação alterasse seu planejamento operacional para as eleições, intensificando a fiscalização em rodovias do Nordeste.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) disse que o ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do DF está “desesperado” porque não vê as três filhas há 114 dias. Izalci visitou Torres neste domingo (7/5).

“Ele está sem ver as filhas há quase quatro meses. Ele chorou o tempo todo quando falou da família”, relatou o senador. Izalci disse que Torres pediu ajuda para que o processo legal seja garantido. O senador criticou a manutenção, até hoje, da prisão efetuada em 14 de janeiro.

No local em que Anderson Torres está preso não há grades. No espaço, existe uma sala de reuniões, composta por um sofá e uma mesa com 4 cadeiras.

Há um alojamento adjacente, composto por uma pequena recepção com frigobar. Dentro dessa antessala, há um alojamento com banheiro que mede pouco mais de 3m², além de dois armários abertos e uma beliche, onde ele dorme.

“Há um pequeno número de roupas (cerca de 3 mudas), alguns medicamentos com receita médica, itens de higiene pessoal e água”, transcreveu a juíza no documento. O local não possui cozinha/copa acessível às pessoas presas.

Por isso, foi autorizado o ingresso de micro-ondas para preparo de alimentos. Também foi autorizada a instalação de televisão na Sala de Estado Maior.

“Considerando a ausência de fornecimento de refeições, autorizei o recebimento diário de refeições encaminhadas ao local pelos Advogados ou familiares”, completa o relatório.

Atos antidemocráticos

Torres está preso, desde janeiro deste ano, quando ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Sua detenção foi determinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no escopo de outra investigação: a que apura a suposta omissão ou facilitação de agentes públicos na invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do prédio do STF, em 8 de janeiro.

Torres nega todas as acusações. Por meio de seus advogados, o ex-ministro e ex-secretário distrital afirma não ter sido conivente com a invasão dos prédios públicos, acrescentando que, no dia 8 de janeiro, estava de férias, nos Estados Unidos, para onde tinha viajado na véspera. Torres também nega ter ordenado ou sugerido que a PRF agisse para constranger a movimentação de eleitores.

Estado de saúde

O ex-secretário distrital seria ouvido pela PF no último dia 24, mas o depoimento foi adiado a pedido da defesa de Torres, que alegou que o estado de saúde do ex-ministro vem se deteriorando desde que ele foi preso, no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal.

Na ocasião, a defesa de Anderson Torres voltou a pedir ao STF a libertação de seu cliente. No recurso, os advogados anexaram um laudo produzido por uma psiquiatra da rede pública do Distrito Federal favorável à prisão domiciliar do ex-secretário que, segundo seus advogados, tem apresentado recorrentes pensamentos suicidas.

Diante do pedido, o ministro Alexandre de Moraes pediu que fosse avaliada a possibilidade de Torres ser transferido para um hospital penitenciário. O ministro também determinou que Torres prestasse depoimento até hoje (8) e, na sequência, que seguisse detido no Batalhão de Aviação Operacional.