7 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Disputa de Renan e Arthur Lira por ministério empareda Lula na esplanada

É a história dita: Em Alagoas as águas dos rios não correm para o mar; correm para os rios…

Ao centro, Lula é emparedado pela “República de Alagoas” de Renan e Arthur Lira.

Alagoas está no centro das dificuldades impostas ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para conquistar o direito republicano à governabilidade.

Mas, não era de se esperar menos. Como diz o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, “em Alagoas as águas dos rios não correm para o mar; correm para os rios”.

O aparelhamento das instituições por grupos políticos e as elites tradicionais do Estado diz bem de como se movimenta o curso das águas, nesta terra de engenhos de meia dúzia.

O embate entre o senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), pelo controle político do Estado, desaguou no tabuleiro da transição do futuro governo Lula.

Renan, com o apoio de uma ala da velha guarda do MDB, pediu a Lula o Ministério das Minas e Energias para Renan Filho, senador eleito.

E foi aí que Lira, do alto de sua cadeira no comando da Câmara, disse a Lula que também quer o mesmíssimo ministério. E se assim não for, não tem PEC da Transição na Câmara.

O nome indicado por  Arthur Lira, segundo a colunista de O Globo, Malu Gaspar, é o presidente do União Brasil (UB), Elmar Nascimento.

Para lembrar: Deputado baiano, Nascimento, amigo-irmão de Arthur, é o mesmo que tomou o UB do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor, a pedido do próprio Lira.

Esse fato gerou uma crise política entre eles e as consequências foram vistas durante a campanha eleitoral para o governo de Alagoas. Nitroglicerina pura, com direito a PF no meio.

Mas, embora a briga seja política na renhida disputa de espaços pelo poder no governo federal, o controle pelo Ministério das Minas e Energia tem também o interesse mercantil.

Lira e Nascimento têm um amigo em comum que é o empresário do setor de gás Carlos Suarez. O homem quer ter influência direta no ministério por que lhe interessa a construção de um Brasduto (rede de gasodutos) para alimentar termoelétricas. Ou seja, são os negócios de raposa no galinheiro.

Contudo, o que pesa mesmo de imediato é a guerra política alagoana Calheiros X Lira, que deixou o presidente eleito, Luiz Inácio, em uma encruzilhada. Tanto que mandou consultar Renan Filho se ele aceitaria o ministério do Planejamento. A resposta foi quem manda é o partido, o que quer dizer, não.

Assim, o presidente eleito suspendeu as indicações de ministros e agora tenta mergulhar nas águas revoltas da “República de Alagoas”, para saber se vai conseguir chegar numa enseada ou se terá que ser represado em algum remanso ribeirinho.

E neste caso, nas águas alagoanas, não basta saber nadar.

Oremos…

 

One Comment

  • Avatar Evágrio de Albuquerque Moreni

    Sem deixar de reconhecer a importância de compor com Arthur Lira, representante mor do Centrão, para garantir a governabilidade não posso deixar de destacar a diferença gritante entre os dois políticos alagoanos. Renan esteve com Lula desde os primeiros atos desta trama criminosa que atingiu o PT, Lula e Dilma. Renan arriscou o seu futuro político ficando praticamente só, dentro do MDB, na defesa de Lula, da justiça e da normalidade democrática deste país. Arthur Lira é, acima de tudo, um parasita social. Um político corrupto, com DNA hereditário de imoralidade, que vive se locupletando das barganhas políticas e que foi aliado, de primeira hora do, igualmente corrupto e fascista, presidente Jair Messias Bolsonaro. Posto isto reconheço que a briga existe e torço, desde já, pela vitória dos Calheiros.

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