27 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Em dois julgamentos, TJ/AL condena assassinos de advogado e bacharel

Pasquale Palmieri e Antônio Wendell Guarnieir foram condenados a 36 anos e 26 anos respectivamente

Foto: Caio Loureiro.

Em dois julgamentos realizados nesta terça-feira (31), a Justiça de Alagoas condenou à prisão o italiano Pasquale Palmieri (75), pelo assassinado do bacharel em Direito, José Benedito Alves de Carvalho, e de Antônio Wendell Guarnieir acusado de matar o advogado Nudson Harley Mares de Freitas.

Pasquale Palmieri

O italiano Pasquale Palmieri foi condenado a 36 anos, sete meses e 10 dias de prisão em regime fechado, em sentença aplicada pelo o juiz Ewerton Carminati.

Palmieri foi acusado de matar o bacharel em Direito, José Benedito Alves de Carvalho, e de atentar contra a vida da sua esposa, a advogada Maricélia Schlemper, e da própria ex-mulher Dhanalutchmee Palmieri, ou Sandra.

A acusação pediu condenação por três qualificadoras: motivo torpe, não permitir defesa das vítimas e feminicídio, esta última ignorada pelos jurados. A acusação de feminicídio foi derrubada.

“A justiça foi feita hoje pelo Bill, pela Maricélia, e pela Sandra. Em respeito à advocacia, à magistratura e à sociedade alagoana. E Deus estava aqui conduzindo tudo, os depoimentos e nossas atuações. A expectativa era de que a pena ficasse entre trinta e trinta e cinco anos, pois o senhor Pasquale já tem mais de 70 anos, e isso foi algo que o beneficiou. Mas estamos satisfeitos, o trabalho conjunto deu certo, o apoio de todos foi imprescindível e agora há um alívio nos corações”. Thiago Mota, advogado.

Todos se emocionaram quando o advogado Thiago Mota lembrou que a vítima fatal, conhecida como “Bill”, foi aprovado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, passando, in memorian, a ser advogado com autorização da OAB nacional. Ele se preparava para apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à época do assassinato.

Entre as testemunhas, foram ouvidos foram a advogada Maricélia Schlemper, a ex-mulher de Pasquale Palmieri e o guarda judiciário José Marcos responsável pela contenção do criminoso quando pretendia empreender fuga nas imediações do Fórum.

Bastante abalada, Schlemper chorou muito durante o depoimento visto a triste retrospectiva que, obrigatoriamente, perante a Justiça, deveria fazer. No entanto, sustentou todas as denúncias com os relatos, informando que o italiano, de dentro do sistema prisional, insatisfeito por não ter concretizado o seu plano de matá-la, continuava sequenciando ameaças.

Sandra, ex-mulher de Palmieri, disse que ele era um homem violento, ambicioso. Também foi pedido que relatasse como acontecera a tragédia em frente ao Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, naquele 9 de março de 2021.

Já José Marcos contou como foi que se deparou com o assassino e afirmou que Pasquale Palmieri, no processo de fuga, também apontou-lhe a arma. Ele disse que o italiano havia deixado o veículo na esquina do Fórum, já numa posição favorável para fugir.

A princípio sete testemunhas haviam sido arroladas, entre elas mais dois guardas judiciários que auxiliaram José Marcos. Os depoimentos foram dispensados porque entenderam que apenas um seria o suficiente. Outra testemunha seria o flanelinha que estava cuidando dos carros no estacionamento.

Antônio Wendell Guarnieir

Antônio Wendell Guarnieir acusado de matar o advogado Nudson Harley Mares de Freitas por engano, em lugar do juiz aposentado Marcelo Tadeu.

O promotor de Justiça Antônio Villas Boas, que esteve à frente da acusação, entende que a pena de 24 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, atendeu às expectativas. O júri durou 12 horas e foi presidido pela juíza Lívia Matos. O crime ocorreu em julho 2009, no bairro de Mangabeiras, em Maceió.

O réu foi condenado a uma pena de 24 anos e seis meses, por crime triplamente qualificado: mediante paga; perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, uma vez que foi surpreendida pelos seus algozes quando estava em uma ligação num telefone público localizado em frente à Farmácia São Luiz, na rua João Davino, bairro Mangabeiras”. Villas Boas.

Consta nos autos que o advogado mineiro teria morrido por engano, em lugar do juiz aposentado Marcelo Tadeu. A vítima estava em Alagoas a trabalho e foi executado quando falava de um orelhão. 

Segundo o promotor Villas Boas, a defesa tentou derrubar as qualificadoras, inclusive apontando que se dispôs a ser ouvido em delação premiada.

O conselho de Justiça refutou a tese de defesa que apelou para que reconhecessem a delação premiada do réu Wendel Guarnieri, mas isso não ocorreu e, finalmente, foi feita a justiça que era tão aguardada pela viúva e os demais parentes. Com a condenação dele, o Ministério Público tem a convicção de que cumpriu o seu papel, promoveu justiça, e hoje a sociedade alagoana está de parabéns”. Villas Boas.