6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Exército metralhou carro por engano e matou inocente no Rio

Motorista conduzia a família em seu carro, confundido com um veículo roubado, e foi morto pelo Exército

Na quinta-feira passada, após uma tentativa de assalto em Guararema, na região metropolitana de São Paulo, mais de 10 bandidos foram mortos após a polícia evitar a ação. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foram alguns dos nomes da política que enalteceram a ação. Que, vale a pena mencionar, com muita perícia não houve inocentes entre os feridos.

Entretanto, o discurso de que a polícia tem que atirar pra matar e levar bandido direto para o cemitério, não pra prisão, é entonado em coro por seus fãs e partidários. Mensagem obtusa, pois nela é esquecida que no fogo cruzado nas grandes cidades, há inocentes. Uma imensa maioria que quer apenas viver com sua vida, alheio à toda essa violência.

Os policiais de São Paulo serão homenageados por Doria. Um incentivo ao dedo nervoso, de atirar primeiro e perguntar depois, que vai provocar mortes desnecessárias. Também entre inocentes. E mais um caso aconteceu no Rio.

Um homem foi morto e outros dois foram ferido, por militares do Exército, neste domingo (7), em Guadalupe, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Segundo o Exército, os militares depararam com um assalto, por volta das 14h40, e foram atacados pelos criminosos. De acordo com o Exército, os militares responderam à agressão e atiraram contra o carro.

Familiares e amigos de Evaldo dos Santos Rosa, 47, que morreu hoje baleado por militares no bairro de Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro, negaram que ele estivesse armado e contestaram a versão dada pelo Exército. Segundo a Polícia Civil, mais de 80 disparos foram realizados contra o veículo.

Agora, a delegacia de homicídio do Rio, que investiga a morte de Evaldo dos Santos Rosa, que teve o carro metralhado por militares do Exército, disse em entrevista à TV Globo que “tudo indica” que os militares atiraram ao confundirem o carro com o de supostos assaltantes.

“Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma no carro. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”. Delegado Leonardo Salgado, da divisão de homicídios.

Rosa trabalhava como segurança privado e estaria apenas passando pelo local com sua mulher, o filho de sete anos, o sogro e uma afilhada do casal, de 13. O sogro e um pedestre também foram baleados e socorridos para um hospital. Ainda não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde deles.

Jornalista ameaçado

O jornalista Carlos de Lannoy usou as redes sociais para denunciar uma ameaça de morte que recebeu após fazer uma reportagem no “Fantástico”, na qual falava sobre um veículo que foi fuzilado por agentes do exército no Rio de Janeiro, resultando na morte do motorista. Evaldo Rosa dos Santos, 51.

No Instagram do repórter, um internauta escreveu: “Se você escolher falar merda e defender bandido é escolha sua. Seu merda! Se for errado paga com a vida! Mexeu com o exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde as cartas”.

Carlos ainda usou o Twitter para se manifestar: “Minutos depois de fazer reportagem no “Show da Vida” sobre mais uma morte em blitz do exército, recebi essa ameaça no meu Instagram. Não ficará assim”.

O valentão da internet, Erik Procópio, foi identificado como um “cidadão de bem”, fã de Moro e da ditadura, natural do Rio Grande do Norte. Ele tem um histórico de postagens “bolsonaristas”. Entretanto, depois da resposta de Lannoy e as ofensivas na Web, ele arregou, pediu desculpas e deletou seu twitter.

Infelizmente, alguns dos monstros online não são perfis robôs, apenas convencidos por eles.