20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

“Faça o que eu digo”: Deputado, Bolsonaro aprovou aumento do STF

Em 2016, pouco após impeachment de Dilma, qualquer deputado poderia ter feito requerimento de votação nominal dos reajustes, como solicitado pelo PT

Em semana de decisões que fará o bolso dos brasileiros doer nos próximos anos, o Senado aprovou o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quarta-feira (7). O salário dos ministros passou de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil. Com o efeito cascata, o impacto é de R$ 4 bilhões ao ano.

O presidente Michel Temer ainda precisa sancionar a lei, mas antes vai negocias com o Supremo o auxílio-moradia. Um auxiliar direto de Temer disse ao Estado que o presidente ainda não decidiu se sanciona ou veta o reajuste. Uma forma de compensação para leigos aplaudirem: o impacto bilionário ainda acontecerá.

Por outro lado, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), não teceu meias palavras: ele disse que vetaria o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). “Não sou o presidente. Se fosse, você sabe qual seria minha decisão. Não tenho outro caminho no meu entender, até para dar o exemplo”, disse em entrevista à Record.

Caso típico de “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Antes de passar no Senado, o projeto foi votado na Câmara há mais de dois anos. Na oportunidade, o então deputado Jair Bolsonaro (PSL) concordou com o aumento para os ministros da Suprema Corte.

2016

A votação foi simbólica, não há registro de como cada deputado votou, o que indica anuência de todos os parlamentares presentes com a proposta. Bolsonaro estava na sessão e, portanto, concordou com o reajuste. Agora, presidente eleito, disse que “não é o momento” de aprovar um reajuste ao Judiciário”.

A votação foi no dia 1º de junho de 2016, poucos dias depois de Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República no processo de impeachment de Dilma Rousseff. O plenário estava cheio de funcionários públicos e a Câmara votou conjuntamente 16 projetos que concediam reajustes salariais a diferentes categorias, entre elas a dos ministros do STF.

Qualquer deputado, entre eles Jair Bolsonaro, poderia ter feito um requerimento de votação nominal dos reajustes, como o PT havia feito.