A teimosia persiste: nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento da covid-19 e foi irônico ao falar sobre a vacinação.
Em sua live semanal de quintas-feiras, feita ao lado do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, ele já havia anunciado que um dos temas seria “lockdown empobrece a população e mata”.
. Ministro @Astro_Pontes fala da vacina brasileira ( @mcti ); capacidade de disponibilidade sem dependência externa e empregos;
. Adequação do orçamento para cumprir a responsabilidade fiscal;
. Endividamento da união; …
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 22, 2021
Além de exaltar os estudos feitos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia com o antiparasitário nitazoxanida (“Annita”) e fazer referências à hidroxicloroquina, Bolsonaro pediu que o ministro astronauta, Marcos Pontes, tivesse “cuidado” com as palavras porque a transmissão poderia ser derrubada pelo Facebook – afinal, a rede social proíbe incetivos e mentiras sobre tratamentos ineficazes.
“Tem alguma coisa, não vou falar para não cair a live… Eu tomei um negócio no ano passado e, se eu tiver problema de novo, eu vou tomar a mesma coisa. Aquilo que tomei serve para malária, lúpus e artrite, se não me engano. (…) O pessoal consumiu muito isso, como também consumiu outro negócio que não pode falar o nome aqui”. Jair Bolsonaro, em referência à cloroquina.
Na oportunidade, eles citaram um remédio nacional desenvolvido especificamente para o tratamento da covid-19 que deve entrar na fase de testes clínicos “muito em breve”.
“É impressionante como só se fala em vacina, né? Mas também, uma compra bilionária, no mundo todo, então é só vacina. Ninguém é contra a vacina. O Brasil, tirando os países que produzem vacinas, é primeiro no mundo em valores absolutos”. Jair Bolsonaro, presidente.
Em termos proporcionais, o Brasil é apenas o 9º, atrás de países como Israel, Chile, Bahrein, Hungria, Uruguai e Sérvia. Nenhum destes produz a substância.
O presidente também provocou o governador de São Paulo, João Doria, ao atacar a vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, chamada de Butanvac.
Ele ironizou o fato de o imunizante usar uma tecnologia desenvolvida por um hospital nos Estados Unidos para o vetor viral e que, por isso, a Butanvac não seria “100% brasileira”.
“Vamos lá, Marcão. Como é que está nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela ‘mandrake’ de São Paulo, não, que tinha os Estados Unidos no meio. Essa é 100% brasileira”. Jair Bolsonaro, presidente.
A “vacina brasileira” à que Bolsonaro se referiu é a Versamune MCTI, desenvolvida em Ribeirão Preto (SP) sob coordenação do Ministério de Ciência e Tecnologia. De acordo com Marcos Pontes, o imunizante usará tecnologia nacional, e os testes clínicos de fase 1 e 2 estão próximos de começar.