10 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Fátima Almeida

Fernando Lobo deixa Misa e desabafa: “cheguei ao meu limite”

Pedido de exoneração foi protocolado nesta segunda-feira

Chove lá fora, mas o clima esquentou na Secretaria de Estado da Cultura. O coordenador do Museu da Imagem e do Som (Misa/Alagoas) e coordenador executivo do Sistema Alagoano de Museus, professor Fernando Lobo, pediu exoneração e declarou ter chegado ao seu limite e que não se permitiria mais passar atestado de incompetência, por não ter as mínimas condições para realizar seu trabalho.

Fernando Lobo estava à frente de equipamentos culturais desde 2007.

“Protocolei nesta data (30.04.18), meus pedidos de exoneração, da função de coordenador do Museu da Imagem e do Som de Alagoas/Misa e da Coordenação Executiva do Sistema Alagoano de Museus/SAM. Diante de minha impotência quanto à resolução das demandas e, visando preservar meu perfil como gestor dos equipamentos museológicos – Mupa (de 2007 a 2011) e Misa (de 2011 a 2018, bem como na gestão do SAM (de 2008 a 2018), tomo a iniciativa de afastar-me das acima referenciadas funções. Agradeço a equipe da Secult, mas não posso me permitir a passar um atestado de incompetência, diante das tantas demandas até agora não resolvidas e também frente às dificuldades para tocar as rotinas do Misa, em especial.     Cheguei ao meu limite”, desabafou  Lobo, em  comunicado, via rede social.

O Blog ouviu o professor Fernando Lôbo. Ele reafirmou que a atual situação do Misa é precária.  A iluminação não funciona, tampouco o ar-condicionado, um risco para o acervo reunido naquele local. Também não há veículo oficial disponível para os projetos do museu, que recebe regularmente visitas de escolas.  Até água mineral, o professor Lobo compra com seu dinheiro para garantir a realização das atividades. “Ando tendo insônia, com toda essa situação. Não consigo mais levar adiante”, afirmou.

Professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas, desde 2012, Lobo está à frente de equipamentos culturais desde 2007, quando assumiu a gestão do Museu Palácio de Alagoas (Mupa/AL). Em 2008, contribuiu para a criação do Sistema Alagoano de Museus, onde até ontem se mantinha coordenador, e, desde 2011, coordenava o Misa.

É lamentável que o acervo geral do Misa, os acervos de Edécio Lopes, Valmir Calheiros, Freitas Neto e tantos outros importantes personagens da comunicação alagoana estejam correndo risco de deterioração, diante da situação informada no comunicado do professor Fernando. Ele poderia ter saído à francesa, sem alarde, mas cumpriu sua missão até onde foi possível e, nesse desabafo, tratou de garantir que a sociedade cobre providências à Secult. Vamos aguardar um pronunciamento da secretária Melina Freitas.

(*) Graça Carvalho