Chove lá fora, mas o clima esquentou na Secretaria de Estado da Cultura. O coordenador do Museu da Imagem e do Som (Misa/Alagoas) e coordenador executivo do Sistema Alagoano de Museus, professor Fernando Lobo, pediu exoneração e declarou ter chegado ao seu limite e que não se permitiria mais passar atestado de incompetência, por não ter as mínimas condições para realizar seu trabalho.
“Protocolei nesta data (30.04.18), meus pedidos de exoneração, da função de coordenador do Museu da Imagem e do Som de Alagoas/Misa e da Coordenação Executiva do Sistema Alagoano de Museus/SAM. Diante de minha impotência quanto à resolução das demandas e, visando preservar meu perfil como gestor dos equipamentos museológicos – Mupa (de 2007 a 2011) e Misa (de 2011 a 2018, bem como na gestão do SAM (de 2008 a 2018), tomo a iniciativa de afastar-me das acima referenciadas funções. Agradeço a equipe da Secult, mas não posso me permitir a passar um atestado de incompetência, diante das tantas demandas até agora não resolvidas e também frente às dificuldades para tocar as rotinas do Misa, em especial. Cheguei ao meu limite”, desabafou Lobo, em comunicado, via rede social.
O Blog ouviu o professor Fernando Lôbo. Ele reafirmou que a atual situação do Misa é precária. A iluminação não funciona, tampouco o ar-condicionado, um risco para o acervo reunido naquele local. Também não há veículo oficial disponível para os projetos do museu, que recebe regularmente visitas de escolas. Até água mineral, o professor Lobo compra com seu dinheiro para garantir a realização das atividades. “Ando tendo insônia, com toda essa situação. Não consigo mais levar adiante”, afirmou.
Professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas, desde 2012, Lobo está à frente de equipamentos culturais desde 2007, quando assumiu a gestão do Museu Palácio de Alagoas (Mupa/AL). Em 2008, contribuiu para a criação do Sistema Alagoano de Museus, onde até ontem se mantinha coordenador, e, desde 2011, coordenava o Misa.
É lamentável que o acervo geral do Misa, os acervos de Edécio Lopes, Valmir Calheiros, Freitas Neto e tantos outros importantes personagens da comunicação alagoana estejam correndo risco de deterioração, diante da situação informada no comunicado do professor Fernando. Ele poderia ter saído à francesa, sem alarde, mas cumpriu sua missão até onde foi possível e, nesse desabafo, tratou de garantir que a sociedade cobre providências à Secult. Vamos aguardar um pronunciamento da secretária Melina Freitas.
(*) Graça Carvalho