29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Cotidiano

Fisioterapia pode ser aliada das mulheres no tratamento da endometriose

Tratamento com fisioterapia pélvica pode trazer conforto físico e ajudar a lidar com o corpo no momento da dor

O papel da fisioterapia pélvica no tratamento da endometriose ainda é pouco conhecido pela população, mas os seus benefícios podem ser essenciais para a vida das mulheres. O fisioterapeuta pode atuar desde o momento inicial do diagnóstico, como membro de uma equipe multidisciplinar. Mas, o que é essa tal fisioterapia pélvica?

Ela reúne diferentes exercícios e técnicas fisioterapêuticas com a finalidade essencial de melhorar o controle, percepção e qualidade da musculatura do assoalho pélvico (MAP), que é o conjunto de músculos e ligamentos que sustentam órgãos como bexiga, útero, intestino e tudo que fica na região baixa do abdômen.

Um dos problemas mais frequentes do enfraquecimento da musculatura pélvica é a incontinência urinária. Também existe o risco de queda da bexiga e do útero. Nos homens, pode causar impotência sexual. Alguns dos motivos para essas disfunções são: falta de exercícios, obesidade, doenças na bexiga, cirurgias que possam ter machucado a área pélvica e até mesmo a gravidez.

Sua relação com o tratamento da endometriose – caracterizada pela presença do tecido do endométrio fora do útero – se dá no tratamento clínico, em casos não cirúrgicos e ainda no pré ou pós-operatório, onde o fisioterapeuta especialista em saúde pélvica pode atuar no alívio dos sintomas, colaborando no tratamento.

Fisioterapia pélvica

É preciso atenção aos sinais e sintomas da endometriose, que podem se manifestar ainda na adolescência. Após a definição do diagnóstico por um médico, vem a indicação do tratamento adequado, que pode ser medicamentoso ou cirúrgico.

Por ser uma patologia que interfere em vários aspectos da vida das mulheres, requer um tratamento abrangente e multidisciplinar, como a fisioterapia pélvica, atividade física orientada, nutrição balanceada e apoio psicológico.

A fisioterapia pélvica promove a correção postural, a recuperação funcional comprometida pela presença da dor constante, conscientiza e treina a paciente para reconhecer e restabelecer o equilíbrio biomecânico funcional do corpo todo e sua correlação com a pelve, que é o foco principal da doença.

O tratamento fisioterápico, por trazer o conforto físico, ajuda a lidar com o corpo no momento da dor, trazendo a capacidade da pessoa lidar melhor com a patologia. Ao promover o alívio progressivo das dores, favorece a recuperação da saúde física, social, emocional e amorosa, e da qualidade de vida dessas mulheres.

Além disso, o fisioterapeuta deve ter um olhar amplo para esta paciente, percebendo as dificuldades na vida, a postura ao sentar, como ela caminha, como faz a atividade física, etc.

Endometriose

Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose, 20% das mulheres podem desenvolvê-la na idade reprodutiva, o que significa 8 milhões de mulheres sofrendo e muitas sem diagnóstico ou tratamento. Também pode ser um fator de infertilidade para 30% delas, se não diagnosticada precocemente.

É uma doença tratável de evolução lenta, mas que causa uma série de sintomas físicos muito desgastantes na vida da mulher. As principais são dor e desconforto menstrual, cólicas muito intensas no período menstrual, sangramento abundante irregular e dores crônicas na região do abdome, mas que também podem se manifestar nos músculos, ossos e articulações das costas, da bacia e das pernas.

Ocorrem também alteração urinária, queimação, irritação ou dor na área genital, dificuldade de urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, infecções urinárias de repetição mesmo sendo bem tratadas e acompanhadas, além de problemas intestinais.

As dores podem levar ao comprometimento do equilíbrio, da postura e até mesmo da capacidade funcional das mulheres, pois elas começam a sentir dores inexplicáveis em várias partes do corpo. A endometriose é incapacitante e causa de faltas regulares nas atividades como escola e trabalho, levando à depressão, ansiedade, isolamento social e afetivo, alterações do sono, perda da autoestima e qualidade de vida.