20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Guerra entre Lira e Renan faz Planalto agir para que o senador não tenha posto de comando na CPMI

Palácio do Planalto sondou o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), para assumir a presidência ou a relatoria da Comissão

O Palácio do Planalto sondou o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), para assumir a presidência ou a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

O requerimento de criação da comissão será lido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na sessão plenária do Congresso Nacional nesta quarta-feira, 26.

A intenção é evitar que o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos maiores aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Parlamento, assuma um posto formal de comando na CPMI. A apuração é de Tales Faria, colunista do UOL.

Para o Planalto, Renan já ajudará o suficiente como membro da comissão. Com um cargo de comando, ele pode atrair a ira de seu arquirrival político em Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o que pode prejudicar o governo no desenrolar dos trabalhos da CPMI. Renan e Lira são atualmente os principais caciques políticos no estado.

Eduardo Braga só poderá decidir depois de consultar sua bancada e, principalmente, Renan Calheiros. O Planalto espera sua resposta definitiva para cobrar de Arthur Lira a indicação de um deputado próximo ao governo como relator ou presidente da comissão. Os dois cargos serão divididos entre Câmara e Senado, dependendo de um acordo entre as bancadas.

Leia mais: Presidente do Senado faz leitura de requerimento e cria CPI do 8 de janeiro

Composição da CPMI

O MDB tem direito a duas vagas na comissão, enquanto o União Brasil também pode indicar dois representantes. Os outros partidos do bloco, como o PSDB e o Podemos, terão uma vaga cada. O bloco PT-PSD-PSB tem o direito de indicar cinco integrantes. Outros dois blocos poderão indicar dois senadores cada, o bloco PP-Republicanos e o do PL com o Novo. A indicação restante caberá à maior bancada entre os partidos que não têm senadores suficientes para ter direito a vagas.

O governo considera importante um entendimento entre o Senado e a Câmara, pois a distribuição das vagas entre os 32 integrantes da CPMI, divididos meio a meio entre senadores e deputados, indica uma pequena margem de maioria de votos contra os parlamentares a serem indicados pelos partidos de oposição.

Os oposicionistas tentam emplacar a versão de que as invasões dos prédios do Congresso, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro por golpistas aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro foram facilitadas pelo atual presidente Lula.