20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

JN: Lula critica orçamento secreto e afirma que Lira é quem manda no Brasil

Bolsonaro é ‘bobo da corte’, disse o petista se esquivando de perguntas sobre corrupção na sabatina

O ex-presidente Lula (PT) foi o terceiro entrevistado na bancada do Jornal Nacional. E se com o presidente Jair Bolsonaro a sabatina foi combativa e a de Ciro um pouco sonolenta, é possível dizer que o nível de perguntas e interrupções ficou no meio das duas – ainda que pela insistência em se esquivar sobre casos de corrupção no governo do PT.

Diante de um William Bonner menos careteiro e Renata Vasconcellos menos amargurada, Lula, bem humorado, tentou se esquivar de perguntas sobre como evitará corrupção no país caso seja reeleito, admitiu ter havido corrupção na Petrobras e erros da gestão Dilma Rousseff, principalmente na economia. Mas exaltou seu antigo adversário e atual candidato a vice de sua chapa, Geraldo Alckmin (PSDB).

Apesar de não prometer indicações de m procurador-Geral da República, o petista fez críticas a sigilos decretados no governo Jair Bolsonaro (PL) e à ação do PGR Augusto Aras, chamado por ele de “engavetador”. E afirmou que, hoje, quem manda no Brasil é Arthur Lira, líder do centrão:

“Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento. O ministro liga para [Arthur] Lira [presidente do Congresso e líder do centrão], não liga para o Presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da República. O Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena orçamento. Veja que engraçado, acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria R$ 200, agente queria R$ 600, ele mandou R$ 500, agora mandou R$ 600. Até quando? Até dia 31 de dezembro”.

Corrupção

Questionado logo de cara sobre sua prisão no escândalo da Lava Jato, Lula insistiu em dizer que só surge corrupção em governo que permite a investigação.

Ao falar sobre o caso do Mensalão, que ocorreu durante o seu primeiro mandato, Lula comparou o escândalo ao Orçamento Secreto, mecanismo no qual parlamentares conseguem indicar verbas para obras sem a necessidade de detalhar que é o autor da destinação.

Lula disse ainda que Dilma é uma das pessoas por quem mais ele tem respeito, mas que houve endividamento para manter as políticas sociais e desemprego e que a gestão dela “cometeu equívoco na questão da gasolina”. Apesar disso, ele defendeu Dilma e culpou os presidentes do Legislativo na época por parte das dificuldades econômicas que Dilma enfrentou durante seu mandato.

Repercussão

Entre os políticos que estão comentando as declarações de Lula estão ministros do governo, filho do presidente, e o ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro (União Brasil) que se dedicou a fazer vários tuítes sobre as falas do ex-presidente.

Moro, que é candidato ao Senado, disse que o petista não explicou “roubalheira” e citou a voz “rouca” do político. O senador Renan Calheiros, por outro lado, chamou Lula de “estadista que conhece o Brasil”.