4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Laranjal do PSL: Coaf considera suspeitas as operações do ministro do Turismo

A movimentação de quase 2 milhões de reais são incompatíveis com renda de pivô do caso dos laranjas do PSL

Ministro Álvaro Antonio enrolado no laranjal da corrupção

Operações atípicas em contas bancárias de Marcelo Álvaro Antônio (PSL), ministro do Turismo de Jair Bolsonaro (PSL), foram apontadas no relatório do Coaf. O órgão do Ministério da Justiça indica ele como o maior responsável pelas candidaturas de laranjas do PSL, que movimentou R$ 1,96 milhão de fevereiro de 2018 a janeiro de 2019.

Consideradas suspeitas, as movimentações dos depósitos e saques em dinheiro vivo apresentaram “atipicidade em relação à atividade econômica do cliente ou incompatibilidade com a sua capacidade econômica-financeira”, além de movimentação de recursos “incompatível com o patrimônio, a atividade econômica, ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”.

O relatório diz que, no período analisado, Álvaro Antônio tinha como rendimento registrado apenas o seu salário líquido como deputado federal, de R$ 22,1 mil. E que a única empresa cadastrada em seu nome estava inapta na Receita Federal, pelo motivo de omissão de declarações.

Gustavo Bebianno foi homem forte do governo, até ser demitido de seu ministério por Bolsonaro

Gustavo Bebianno, Coordenador da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência até fevereiro, afirmou que toda responsabilidade do diretório do PSL de Minas Gerais é do atual ministro do Turismo e que passou por ele o repasse de dinheiro público do partido para quatro candidata laranjas do partido do presidente.

Bebianno, disse que a verba foi solicitada formalmente pelo comando do partido em Minas e que apresentará às autoridades, quando solicitado, toda a documentação comprobatória. Ele, que foi presidente nacional do PSL no ano passado, deu suas afirmações à Folha.

O ex-presidente do partido afirma, porém, que assim como fez em relação às outras 26 unidades da federação, apenas repassou o dinheiro pedido pelos comandos estaduais. Vale lembrar que ele passou por um processo de fritura pública, encandeado por Carlos Bolsonaro.

Polícia Federal

Jair Bolsonaro e o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, ambos do PSL

No final de abril, a Polícia Federal em Minas Gerais diz já ter indícios concretos de que candidatas laranjas a deputada estadual e federal do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, mentiram na prestação de contas de campanha.

Dois meses após abrir inquérito, a PF realizou a primeira operação em endereços relacionados ao PSL de Minas Gerais, ligado ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Foi revelada pela Folha que o hoje ministro do Turismo de Jair Bolsonaro (PSL), Marcelo Álvaro Antônio, comandou um esquema de candidatas laranjas em Minas durante as eleições, quando comandava o partido no estado.

Álvaro Antônio nega ter patrocinado esquema de laranjas, e Bolsonaro diz que aguarda as investigações para decidir se mantém ou não seu ministro. A Polícia Federal vê elementos de participação de Álvaro Antônio na fraude.

O caso das laranjas do PSL é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público em Minas e em Pernambuco e levou à queda do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que comandou o partido nacionalmente em 2018.

Ministro ao lado de uma das laranjas