6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Lavagem e propinas: Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander investigados pela Lava Jato

Movimentações suspeitas superam R$ 1,3 bilhão

Contas abertas nos cinco maiores bancos do país foram usadas para lavagem de dinheiro, segundo investigações da Lava Jato. Duas fases da operação realizadas neste ano apontaram recursos usados para pagamento de propina que passaram por Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander.

As contas abertas em nome de empresas de fachada, operadas por doleiros investigados na Lava Jato, teriam movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão. A utilização do sistema financeiro nacional para transações ilegais teriam sido facilitadas pela cooptação de funcionários dos bancos e falhas em sistemas de controle de operações suspeitas.

Por causa das falhas, a Lava Jato agora apura se os grandes bancos citados em fases da operação também são responsáveis pelos crimes cometidos.

“O que está em apuração é se o banco adotou todas as cautelas devidas para evitar que funcionários fossem cooptados e valores fossem lavados ou se ele foi omisso”, Roberson Pozzobon, procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Transações investigadas

  • Bradesco: R$ 989,6 milhões
  • Banco do Brasil: cerca de R$ 200 milhões
  • Itaú: R$ 94,5 milhões
  • Santander: R$ 19,5 milhões
  • Caixa: R$ 4,1 milhões
  • Total: R$ 1,3 bilhão

Pozzobon participou das investigações que levaram à 66ª fase da Lava Jato do Paraná, deflagrada na sexta-feira passada. Essa etapa da operação investiga a participação de quatro então funcionários do Banco do Brasil na lavagem de cerca de R$ 200 milhões usando contas abertas no banco.

Além dos grandes bancos comerciais do país, duas instituições financeiras também já foram implicadas em operações da Lava Jato: o Banco Paulista e o BTG Pactual.

A 61ª fase da Lava Jato no Paraná prendeu, em maio, pessoas ligadas ao Banco Paulista porque havia suspeitas de que elas teriam colaborado com o esquema de lavagem de R$ 48 milhões relacionado ao pagamento de propinas da Odebrecht. Uma denúncia contra os presos foi feita. O processo contra eles está em tramitação.

Outro lado

O Banco do Brasil informou em nota que tem colaborado com as autoridades, “já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos”.

O Bradesco informou que “cumpre rigorosamente as normas de conduta ética e de governança vigentes” e que está à disposição das autoridades.

O Itaú afirmou que “está comprometido com as melhores práticas de prevenção à lavagem de dinheiro e adota com rigor todas as medidas necessárias buscando evitar transações ilícitas no sistema financeiro”. E esclareceu que as contas investigadas pela Lava Jato do Rio de Janeiro foram fechadas dois anos antes da operação e que já foram adotadas as “as providências legais”.

O Santander informou que está disposto a colaborar com a investigação. Declarou também que “adota políticas rigorosas de compliance e cumpre estritamente a legislação e as normas de prevenção à lavagem de dinheiro”.

A Caixa Econômica Federal declarou que “atua em constante colaboração com os órgãos de investigação e adota permanente monitoramento para prevenção à lavagem de dinheiro”. E afirmou que movimentações atípicas são comunicadas às autoridades competentes conforme manda a lei.

O Banco Paulista afirmou que vem contribuindo com as autoridades. Ressaltou ainda que investigações da Lava Jato dizem respeito a “transações específicas relacionadas a sua área de câmbio” e que “zela por um programa de compliance efetivo e estruturado”. O banco declarou que “repudia quaisquer atos de ilegalidade”.

Já o BTG Pactual alegou que “sempre atuou de acordo com as leis, regras e a ética do mercado financeiro”. Declarou que vem sofrendo “ataques baseados em depoimentos que já foram desacreditados” e “que não são acompanhados de qualquer prova”.