O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a ida do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Aparecida, no interior de São Paulo, após relatos de vaias e confusões protagonizadas por bolsonaristas no Dia de Nossa Senhora Aparecida.
Para o petista, o presidente “se aproveita da religião” para fazer campanha.
A declaração de Lula foi feita no Farol da Barra, em Salvador, após caminhada de uma hora e 30 minutos no circuito Ondina-Barra. A atividade reuniu milhares de apoiadores em clima de carnaval. Antes, Lula esteve no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.
Católico, Lula começou a campanha evitando falar sobre religião: chegou a dizer que não pretendia usar a fé como “arma eleitoral” e preferia convencer o eleitor cristão com pautas de economia. Mas pouco antes do primeiro turno o tom mudou.
A campanha começou a entender que o tema não poderia ser simplesmente ignorado e que, ao evitar o assunto, parecia que estava fugindo dele — ou que teria problema com a igreja (assunto explorado por apoiadores de Bolsonaro). Internamente, Lula argumentava que em outras campanhas não precisou tratar disso, mas foi convencido pelos aliados.
Ele afirmou que Bolsonaro “usa o nome de Deus em vão” e lembrou das passagens do presidente pelas celebrações do Círio de Nazaré, no Pará, e hoje, em Aparecida, ao dizer que Bolsonaro “não foi convidado”.
“Ele foi escorraçado lá do Círio de Nazaré, tentou fazer política na procissão onde não foi convidado, e hoje arrumou briga em Aparecida do Norte, onde também foi sem ser convidado, tentando tirar proveito de religião”.
No Pará, no último fim de semana, Bolsonaro foi recebido com um recado crítico da Arquidiocese, que disse em nota que não convidou nenhuma autoridade municipal, estadual ou federal para a festa e que não permitiria “qualquer utilização de caráter político ou partidário”.
Em Aparecida, bolsonaristas hostilizaram profissionais da TV Aparecida, vinculada à Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Após celebrar missa, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, afirmou que é necessário ter uma identidade religiosa.
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O petista, por outro lado, afirmou que cada um pode professar a religião que quiser e que “Deus está olhando para todos em igualdade de condições”.
O ex-presidente falou ainda em seu discurso sobre a fome, especialmente das crianças, e disse: “Quantas crianças vão dormir sem poder tomar um copo de leite? Isso não é normal. Isso não é falta de dinheiro, é falta de vergonha na cara da elite brasileira.”