3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Ministro Santos Cruz é demitido por Bolsonaro

General era chefe da pasta da Secretaria de Governo da Presidência da República

General é o terceiro ministro demitido no Governo Bolsonaro

Bolsonaro demitiu seu terceiro ministro. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz caiu, nesta quinta-feira (13), da Secretaria de Governo da Presidência da República por decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Desde que chegou ao Planalto, o ministro se envolveu em seguidas crises com os filhos do presidente e o escritor/astrólogo/terraplanista Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro. A comunicação de governo era um dos pontos de embate. Um integrante do Palácio do Planalto usou a expressão ‘freio de arrumação’ para explicar a demissão.

A comunicação do Palácio do Planalto tem sido palco desde o início do governo de uma disputa entre o núcleo militar e os chamados “olavistas”, seguidores do escritor. Santos Cruz chegou a desautorizar pedido feita pela Secom para que as empresas estatais enviassem para avaliação prévia propagandas de perfil mercadológico.

O gesto foi interpretado por assessores palacianos como a primeira crise entre o militar e o empresário Fábio Wajngarten, que assumiu recentemente a Secom na tentativa de melhorar a comunicação do governo.

Além de Santos Cruz, Gustavo Bebianno (Secretaria Geral), por causa da crise dos laranjas, e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação), pelas falhas de gestão na pasta foram os outros ministros que caíram.

Olavistas

O incômodo da cúpula militar do governo com Olavo de Carvalho cresceu à medida que se avolumaram os ataques do escritor reverenciado pelo presidente e pelo grupo ideológico que o cerca.

Depois que Carlos Bolsonaro, o Pitbull das redes sociais e responsável pelas redes sociais do pai presidente, atacou sistematicamente o “traidor” vice-presidente general Hamilton Mourão, o militar Santos Cruz passou a ser criticado abertamente e de forma constante pelo próprio astrólogo. E o presidente Jair Bolsonaro ficou do lado de Olavo.

O aparente estopim foi um post do humorista e apresentador Danilo Gentili no Twitter, quando o apresentador do SBT publicou um vídeo com um trecho de uma entrevista dada um mês antes por Santos Cruz à rádio Jovem Pan.

Perguntado sobre como o governo poderia usar as redes sociais de forma a não causar ruídos, o ministro respondeu que a “tecnologia disponível” poderia ser utilizada, mas que “isso aí, tem que ser tomado muito cuidado, tem que ser disciplinado, a própria legislação tem que ser melhorada”. Gentilli não gostou:

Em briga interna com militares, Bolsonaro escolhe seguir Olavo de Carvalho

Bolsonaro e aliados atacam general

Bolsonaro (ou, quem sabe, o filho Carlos usando a conta do pai) também usou essa rede social para afirmar que seu governo não fará qualquer regulamentação da mídia:

Adeptos de campanhas pesadas, virulentas e formando opinião com factóides e fake news, claro, não está interessado:

Mostrando toda sua classe, ainda mais depois de Jair mandando um general para Coréia do Norte, Olavo de Carvalho pegou pesado contra Santos Cruz:

O deputado Marcos Feliciano, que se tornou nome forte do governo e é autor do pedido de impeachment do vice Hamilton Mourão, disse que Santos Cruz se tornou um meio ministro.

Depois de a hashtag #ForaSantosCruz chegar aos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil, Santos Cruz disse a Bolsonaro que havia uma operação coordenada contra ele. O presidente negou incentivar a “fritura”. Olavo de Carvalho comparou a situação de Santos Cruz à do ex-ministro Gustavo Bebianno, demitido em fevereiro da Secretaria-Geral da Presidência após uma crise de fritura.

Até o momento, se esquivando e vivendo em uma fantasia, o presidente Jair Bolsonaro negou que houvesse um racha no governo entre uma ala militar e outra ligada ao guru Olavo de Carvalho. Segundo ele, o grupo de auxiliares é “um time só” e não há fritura do ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz.

“O que tenho falado é que de acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto, pois temos coisas muito, mas muito mais importantes para discutir no Brasil. Aqueles que, porventura, não tenham tato político estão pagando preço junto à mídia. Mas não existe grupo de militares nem grupo de ‘Olavos’. É tudo um time só”. Jair Bolsonaro, alimentando crise interna no governo.

Claro, Olavo é um santo.