O Ministério da Educação se tornou mais um problema para o presidente eleito Jair Bolsonaro. Ele, que já desistiu da ideia de colocar o ensino superior para a pasta de Ciência e Tecnologia, desta vez criou problemas nos nomes.
Nesta quarta (21), vazou o nome de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, como o mais cotado para o cargo. Mas a bancada religiosa não gostou. E Bolsonaro voltou atrás.
Informo que até o presente momento não existe nome definido para dirigir o Ministério da Educação.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 21 de novembro de 2018
Até mesmo o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez foi chamado às pressas de Juiz de Fora (MG) para conversar com Bolsonaro e fazê-lo desistir do nome. Rodriguez é formado em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana e em teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá. E é o preferido dos evangélicos.
Após a veiculação do nome de Mozart, este não fizeram questão de esconder que “o novo governo pode errar em qualquer ministério, menos no da Educação, que é uma questão ideológica para nós”. Ideologia, claro.
Pesa contra Ramos o fato dele, em nenhum momento, ter dado declarações a favor do projeto da Escola sem Partido ou contra discussões sobre gênero em sala de aula. Temas em debate no Congresso Nacional contra o que seria uma doutrinação partidária por professores, serviram para alavancar o nome de Bolsonaro no cenário nacional bem antes de sua pré-candidatura presidencial.
Com apoio dos evangélicos, o presidente eleito foi um dos líderes de movimento contra a discussão de gênero nas escolas. No governo Dilma Rousseff, ele denunciou a entrega para alunos do que, segundo ele, seria um kit em que se ensina a ser homossexual e de um livro sobre sexo para crianças.
E a bancada religiosa quer mudar isso aí.
Mozart
Antes de assumir o cargo no instituto Ayrton Senna, Mozart foi presidente do Movimento Todos pela Educação e professor e reitor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele também foi secretário de Educação de Pernambuco.
Em 2010, ele disse ser necessário criar uma agenda para a educação que não seja de governo, mas de Estado.”Há uma clareza muito grande de que, após a redemocratização do país, após a economia ficar sólida, a terceira revolução que a gente tem de fazer é a da educação: é preciso envolver toda a sociedade nisso”, disse.
O desejo inicial do presidente eleito era ter à frente da pasta a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, mas ela demonstrou resistência a assumir o posto. O instituto confirmou que Mozart se reúne com Bolsonaro nesta quinta, mas não confirmou pedido.