20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

MPF debate licenciamento da Central de Tratamento de Resíduos de Maceió

Adiamento dos efeitos da decisão da Semurb busca solução para evitar colapso no sistema de resíduos da capital

O líquido escuro resultante da decomposição do lixo se transforma em água limpa. Foto: Ascom CTR

Em nova reunião realizada nesta quinta-feira (06), o Ministério Público Federal (MPF) recebeu a notícia de que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) de Maceió (AL) renovou apenas parcialmente a Licença de Operação da Central de Tratamento de Resíduos de Maceió (CTRM).

A empresa Orizon, que sucedeu a V2 Ambiental, é a concessionária responsável pela central. A reunião também contou com a participação da Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb) e da Procuradoria do Município de Maceió, além da própria Orizon.

Durante a reunião, a Semurb explicou que a emissão da licença de operação foi publicada no Diário Oficial do Município de Maceió na última terça-feira (04).

A renovação da licença incluiu uma série de condições, restrições e recomendações, autorizando apenas o processamento de resíduos domiciliares. Os resíduos inativos, como os provenientes da construção civil, não poderão mais ser recebidos pela empresa concessionária.

A partir dessa decisão, a CTR de Maceió passará a receber apenas resíduos domiciliares, enquanto os demais resíduos coletados na cidade deverão ser destinados para outro local, que não foi especificado pela Semurb durante a reunião. A decisão de Marcos Cavalcanti, secretário do Meio Ambiente, que não acatou, neste ponto, os pareceres técnicos e jurídicos da pasta, gerou, inclusive, preocupação na Alurb, responsável pela limpeza urbana da capital.

O procurador da República Lucas Horta, que coordenou a reunião, reconheceu que a decisão foi um avanço, já que eliminou o quadro de incerteza que existia sobre a operação da CTRM, todavia, segundo sua avaliação, trouxe à tona um efeito colateral muito preocupante, já que a pasta não apresentou alternativa para destinação desses resíduos, muito menos estudos sobre a capacidade de absorção, por outros empreendimentos, dessa demanda extraordinária.

Horta concluiu que é preciso apurar se os efeitos dessa decisão mais prejudicam do que protegem o meio ambiente.

Após requerimento da Procuradoria do Município, a Semurb concordou em adiar os efeitos de sua decisão até a próxima terça-feira (11), para permitir que uma solução ou alternativa seja construída entre o Município e a Orizon, ou dentro do próprio Município, para a destinação desses resíduos enquanto a CTRM estiver impedida de recebê-los.

Entenda

Em 2021, a empresa Orizon solicitou a renovação da Licença de Operação (LO) da Central de Tratamento de Resíduos de Maceió (CTRM). No entanto, a análise desse pedido ficou pendente desde então, o que permitiu que a empresa continuasse operando, já que a falta de licenciamento não era de sua responsabilidade.

Após a atuação do MPF e do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), o gestor da nova Semurb, antiga Sedet, comprometeu-se a analisar os relatórios técnico e jurídico para tomar uma decisão. Essa decisão, anunciada durante a reunião desta quinta-feira, na sede da Procuradoria da República em Alagoas, concedeu a licença de operação, porém restringiu sua ação apenas ao processamento de resíduos domiciliares.

MPF e MPAL concedem 35 dias para conclusão de análise de renovação de licença ambiental da Central de Tratamento de Resíduos de Maceió

Inquérito

A reunião desta quinta-feira faz parte de uma série de negociações que estão sendo realizadas para garantir o funcionamento regular da CTRM, especialmente no que se refere ao tratamento e à destinação final do chorume.

Essa reunião também faz parte do inquérito civil (nº 1.11.000.000284/2021-38) que foi instaurado para investigar o depósito irregular de resíduos líquidos (chorume/percolado) provenientes da CTRM pela empresa concessionária pública, sem o devido tratamento para o lançamento no Emissário Submarino de Maceió/AL.

A empresa Orizon sucedeu a antiga V2 Ambiental e, em diálogo com o Município, nas reuniões realizadas pelo MPF e MPAL, tem afirmado sua intenção de regularizar as irregularidades identificadas na operação, que, segundo o órgão licenciador, constituem infrações ambientais.