7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Negligência e omissão: 200 anos de História viraram pó

Por Wagner Melo, jornalista

Vinte milhões de peças ardendo em chamas e séculos de história transformados em pó. O descaso com a conservação do patrimônio histórico e cultural do Brasil acabou com um prejuízo incalculável após o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, nesse fim de semana.

Era lá, por exemplo, que estava o crânio de “Luzia”, o fóssil mais antigo das Américas. O imóvel de 200 anos já foi residência da Família Real e sede da 1ª Assembleia Constituinte do Brasil. Mesmo assim, não tinha sua importância reconhecida, pois, desde 2013, recebia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apenas 60% do valor de sua manutenção (que deveria ser de R$ 550 mil anuais).

É um reflexo da política de um governo que privilegia os abastados com aumentos generosos, parlamentares com gordas emendas e congela investimentos em saúde e educação por 20 anos, tirando dinheiro de onde deveria haver investimento.

Digo, sem medo: foi uma irresponsabilidade que causou um dano irrecuperável. Foi negligência e omissão, mesmo. Um país que não valoriza a sua própria história demonstra um nível de ignorância preocupante.

O progresso econômico deve andar de mãos dadas com o cultural para construirmos uma sociedade verdadeiramente evoluída. Uma nação que não se conhece, dificilmente, alcança um nível de civilização satisfatório.

Este caso também afunda a imagem do Brasil no exterior, onde grandes meios de comunicação associam a tragédia do Museu Nacional à crise político-econômica do país. A ideia que fica é a de que estamos longe de retomar a trajetória de crescimento, abalando a confiança do investidor.

Com esse triste episódio, mais uma vez, o Brasil volta a chorar sobre a tigela de leite derramado. Que esta fase ruim passe rápido, pois não tem graça. Pior, começa a nos fazer chorar!