21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

O pacote de maldades que o Governo Bolsonaro aprovou na baixa

Presidente já mentiu em público mais de 200 vezes desde janeiro e usa estratégia para desviar atenção dos filhos e ações do governo

Desviando a atenção falando uma série de besteiras, como dizendo que não há fome no Brasil, querer o fim da multa no FTGS em caso de demissão ou chamando o Nordeste de “paraíba”, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu a aprovação, com certa facilidade, um pacote de maldades. Isso porque não houve tempo para processar tanto absurdo verbal.

O presidente que já mentiu em público mais de 200 vezes desde janeiro resolveu usar mais uma vez a estratégia para desviar a atenção dos filhos: um fritador de frango que sonha virar embaixador, outro enrolado com seu próprio laranjal miliciano.

E enquanto Bolsonaro inventava histórias sobre Miriam Leitão, o Brasil Real Oficial, uma newsletter escrita pelo jornalista Breno Costa, monitorou o estrago que o governo fez no país em poucos dias. Abaixo, alguns tópicos para que vocês repassem adiante. São essas as coisas que merecem nossa atenção. Confira:

Educação

Uma portaria (assinada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub) tirou das mãos dos reitores da universidades federais o direito de nomeação dos pró-reitores. As nomeações serão feitas agora pela Casa Civil e passarão pela aprovação da Secretaria de Governo.

Ou seja: o governo concentra mais poder em Brasília e poderá, eventualmente, nomear pró-reitores para sabotar projetos ou tumultuar gestões. A destruição do conhecimento é, como se sabe, uma das etapas dos regimes autoritários.

Garimpo

Bolsonaro criou um grupo de apenas três pessoas, todas do governo federal, e deu prazo de somente 30 dias para concluir um “estudo” (use aspas, por favor) para a “simplificação do regime de outorga” da lavra garimpeira.

Ou seja: em pouco tempo, deverá ser ainda mais fácil ter autorização para garimpar, sobretudo, ouro e diamante, no país que já sofre uma epidemia de garimpo e que sente a pressão de fundos bilionários ameaçando cortar ajuda à Amazônia pelo evidente compromisso do governo – e de Ricardo “Yale” Salles – com a destruição da floresta.

Coaf

As Juntas Comerciais não são mais obrigadas, como eram desde 2014, a comunicar Coaf quando detectam sérios indícios de crimes registrados em documentos produzidos em suas dependências. O objetivo era ajudar os órgãos de controle a combater a lavagem de dinheiro. Agora, caberá a cada estado criar suas próprias regras. Por enquanto, não há regras. Os corruptos agradecem.

Ancine

O governo decidiu levar o Conselho Superior do Cinema para a Casa Civil. O órgão estava no Ministério da Cultura. Isso concentra, mais uma vez, poder no núcleo de Brasília.

Além de jogar o órgão no colo de Onyx Lorenzoni, o decreto ainda reduziu de nove para cinco o número de representantes da indústria do audiovisual e da sociedade civil no grupo. O governo também tinha nove cadeiras. Agora, tem sete. O governo virou maioria.

Desvio de atenção

O modelo de gestão de Bolsonaro é semelhante à política de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos: o de uma figura importante que fala os maiores absurdos para que em outros setores se passe com facilidade ações como as que passaram recentemente.