O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixa, nesta quarta (14), a Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba pela primeira vez em 222 dias. Preso desde 7 de abril, o petista será levado até a sede da Justiça Federal na capital paranaense, onde será interrogado como réu pela juíza federal substituta Gabriela Hardt no processo do sítio de Atibaia (SP).
Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente é acusado de ter recebido propina na forma de quase R$ 1 milhão em reformas pagas pela Odebrecht, OAS e pelo pecuarista José Carlos Bumlai na propriedade. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o dinheiro veio do esquema de corrupção na Petrobras.
Quando marcou o interrogatório, o juiz federal Sergio Moro, que era o titular da ação na época, já havia solicitado à Polícia Federal “as providências necessárias para a realização de escolta” dos presos. Desta vez, ele será interrogado pela juíza federal substituta Gabriela Hardt.
Depois de depor nesta quarta (14), no processo do sítio de Atibaia, Lula voltará a ser recolhido e ficará isolado, de quinta (15) a domingo (18), na sala em que cumpre pena na Polícia Federal.
Por causa do feriado, as visitas da família e de amigos, sempre às quintas, foram canceladas. Na sexta, a PF emenda o feriado e fica fechada, nem os advogados podem entrar. Só na segunda (19) ele poderá voltar a receber um de seus defensores.
Substituta
Gabriela Hardt fica à frente dos processos da Lava Jato até que seja escolhido um novo juiz titular – ela não pode assumir em definitivo porque é juíza substituta. Essa seleção será de responsabilidade do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4).
Hardt é paranaense, tem 42 anos e cresceu em São Mateus do Sul, a 150 quilômetros de Curitiba. O pai dela trabalhava em uma unidade da Petrobras que fica na cidade. Ela é formada em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o juiz Sérgio Moro dava aulas.
Em 2014, foi nomeada juíza substituta na 13ª vara federal e assumia os trabalhos quando o juiz Sergio Moro saía de férias. Em uma dessas ocasiões, em maio deste ano, Gabriela Hardt mandou prender o ex-ministro José Dirceu, que na sequência conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).