9 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Pelo WhatsApp: Empresas patrocinam campanha contra PT

Prática viola a lei por ser doação não declarada

Pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT, no WhatsApp, foram comprados por empresas, que planejam uma uma grande operação na semana anterior ao segundo turno, no domingo dia 28.

Como se trata de doação de campanha por empresas e não declarada, a prática é ilegal. Os contratos são para milhões de mensagens, com cada contrato chegando a R$ 12 milhões.

Entre as empresas compradoras, está a Havan. Seu dono, Luciano Hang, chegou a ser indicado por por propaganda eleitoral irregular em favor de Jair Bolsonaro (PSL). Ele pode ser multado em até R$ 1 milhão.

Em vídeo gravado em uma de suas unidades, Hang ameaça deixar o país e, consequentemente, demitir seus 15 mil funcionários, caso Bolsonaro não vença a eleição presidencial. O empresário conta que fez pesquisa de intenção de voto com os colaboradores da empresa e descobriu que 30% deles pretendem votar nulo ou branco.

Questionado se fez disparo em massa, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe “o que é isso”. “Não temos essa necessidade. Fiz uma ‘live’ aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza.”

Disparo em massa

As empresas apoiando Bolsonaro compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. O que é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros.

As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de WhatsApp anti-PT são muito vagas, variando de 20 mil a 300 mil, pois é impossível calcular os grupos fechados.

Um levantamento realizado pelos professores Pablo Ortellado (USP), Fabrício Benvenuto (UFMG) e pela agência de checagem de fatos Lupa em 347 grupos de WhatsApp encontrou entre as imagens mais compartilhadas apenas 8% podendo ser classificadas como verdadeiras.

As notícias falsas entraram na agenda do TSE desde o início da preparação do processo eleitoral. Para os ministros, as notícias falsas podem afetar a credibilidade do pleito.

O tribunal chamou os partidos a assinarem um acordo contra as notícias falsas, reforçou a equipe que monitora essa prática e agora tenta um pacto entre os dois candidatos para evitar a disseminação de fake news.

O candidato do PT, que já foi acusado até de distribuir mamadeiras eróticas, chegou a propor um acordo com o adversário. Bolsonaro o chamou de “canalha” e disse que também é vítima de mentiras. Como a de que aumentará o imposto para os mais pobres. Como podem ver, dois pesos e duas medidas…