20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Maceió

Pesquisas revelam indefinição: Gaspar, JHC e Davino ainda brigam por vaga no 2º turno

Estagnação do candidato do governo e dança das cadeiras na liderança das pesquisas mostram que ainda é o eleitor quem define a eleição

Alfredo Gaspar (MDB), Davi Davino Filho (PP) e JHC (PSB) disputam duas vagas para o segundo turno das eleições em Maceió

Ainda está indefinido o nome dos dois candidatos que vão disputar o segundo turno da eleição em Maceió. Desde as primeiras pesquisas, ficou claro que nenhum candidato receberia mais de 50% dos votos válidos no 1º turno, embora os números colocassem Alfredo Gaspar (MDB) como um dos presentes no dia 29 de novembro. Agora, nem mesmo ele está definido.

Candidato do governo estagnado

Apoiado tanto pelo governador Renan Filho (MDB), quanto pelo prefeito Rui Palmeira (que deixou o PSBD), o ex-procurador-Geral do Estado se mostrou um nome a ser batido nestas eleições. Máquina ao lado, nome forte e maior e orçamento/tempo no guia eleitoral. E ser batido foi o que conseguiu.

Gaspar estagnou durante essa campanha. Sua liderança foi ameaçada por empates técnicos e até mesmo há dúvida sobre seu ingresso no 2º turno.

Pouco carismático no guia eleitoral, Alfredo teve problemas internos com o formato de sua campanha. A gota d’água foi a queda na pesquisa Ibope de 23 de outubro, resultando na saída do marketeiro Adriano Gehres, trocado por Renata Melo.

Terceira força que pode virar primeira

Dentre os candidatos, a segunda força estaria com JHC (PSB). Com Ronaldo Lessa em sua chapa, aos poucos sua campanha foi ganhando ritmo e forma. Junto com Nivaldo Albuquerque, JHC é o mais jovem dos deputados federais alagoanos e representaria uma mudança para aqueles que não querem continuidade com o governo.

Nacionalmente, JHC já teve laços mais fortes com Bolsonaro, especialmente na campanha de 2018. Mas o bolsonarismo não durou muito: desde que o presidente saiu do PSL, JHC deixou esse apoio de forma passiva. Aliás, nunca o escancarou.

Deputado estadual proporcionalmente mais bem votado do Brasil em 2018 (12,25% dos votos válidos), JHC chegou a ser um nome indicado por Bolsonaro para presidir a Câmara dos Deputados no lugar de Rodrigo Maia, mas a parceria, nunca abertamente abraçada, não se concretizou.

JHC, por assim dizer, é o candidato que quer o voto dos bolsonaristas, sem ser bolsonarista. E isso pesa em credibilidade. Além de nessas eleições os candidatos de direita apoiados por Bolsonaro não estarem, necessariamente, apresentando bons números, a indefinição de identidade fez JHC alcançar Gaspar, mas não se distanciar. E ainda deixou Davi Davino colar.

Terceira força na campanha, já que o alto índice de rejeição de Cícero Almeida (DC) impediu o ex-prefeito de conseguir melhor desempenho, o deputado estadual Davi Davino Filho (PP) é o grande nome das eleições. Ao menos, pelo que vem fazendo nas pesquisas.

Enquanto Almeida ocupava a terceira posição no Ibope no início de outubro, com 10%, Davino Filho tinha apenas 5%. Duas semanas depois, já apresentava 15%, triplicando suas indicações. E na pesquisa mais recente, também do Ibope (AL 00463/2020), o deputado apresentava 19%, tecnicamente empatado com JHC (22%) e um garantido Gaspar na liderança (26%).

Mas a depender do Ibrape (AL 08550/2020), que tem Gaspar ainda na liderança e JHC superado por Davino, a Pesquisa JRS(AL/00788/2020), que coloca JHC como líder empatado com Gaspar em um segundo turno garantido para ambos, ou Data Sensus (AL/00788/2020, que apresenta um triplo empate com Davino na liderança, a definição ficará mesmo só nas urnas.

Perda do voto útil

O primeiro turno das eleições será disputado neste domingo (15), com as eleições ainda em aberto. O que é como deveria ser. Faz parte da democracia: tecnicamente, todo candidato pode ter sua chance de ser eleito. Mas sabemos o poder das pesquisas de intenção de voto.

Feitas por amostragem e estatisticamente corretas, ainda há quem duvide dos números, mas a ciência por trás das pesquisas está certa: o método está correto e os números batem. O problema é que, claro, elas podem contaminar a realidade.

No Brasil o voto é obrigatório, mais ainda assim não é certo a quantidade de presença de eleitores neste domingo. Agravada pela pandemia, a situação pode ser mais intensa neste ano. Há 4 anos, a abstenção foi de 17% e 19% nos dois turnos, respectivamente, podendo muito bem ser maior neste ano. E para os que querem ir, existe uma certeza: há quem goste de votar no vencedor.

Ser o primeiro colocado em uma pesquisa não implica que você já tenha vencido, mas ajuda na escolha dos indecisos. E até mesmo retira o voto de candidatos que não emplacam suas campanhas e perigam ficar no traço.

Arte: G1

Com isso, Valéria Correia (PSOL), Cícero Almeida (DC), Josan Leite (Patriota), Ricardo Barbosa (PT), Lenilda Luna (UP), Cícero Filho (PCdoB) e Corintho Campelo (PMN), que segundo todas as pesquisas não possuem chances de ingressas no 2º turno, teriam mais dificuldades em receber mais votos.

Não é difícil de imaginar que, na dupla (ou trio) daqueles embolam a liderança neste 1º turno, eleitores dos demais sete candidatos transitaram seu voto para um outro concorrente. O que eles achariam “menos ruim”, “menos pior” ou o “pra não perder meu voto”.

A ciência das pesquisas está certa. A metodologia por amostragem não deve ser questionada. O problema é que ao realizar o estudo, o resultado foi alterado. E é por isso que ainda não se sabe quem vai para o segundo turno em Maceió. Influenciado ou não, quem ainda decide a votação é o eleitor, na urna.