1 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

PF denuncia Rodrigo Maia e o pai por corrupção e caixa 3

Inquérito foi encaminhado a procuradora da República, Raquel Dodge

Rodrigo Maia e o pai são acusados de corrupção

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, volta a berlinda com uma nova acusação da Polícia Federal. Em inquérito encaminhado `a Procuradoria Geral da República (PGR), Maia é acusado de ter praticado “caixa 3” em campanhas eleitorais.

Agora caberá a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidir se apresentará denúncia ou pedirá novas investigações contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o pai dele, Cesar Maia, vereador pelo mesmo partido e ex-prefeito da capital carioca. Dodge tem 15 dias para se manifestar.

De acordo com o inquérito, pai e filho são acusados de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, eles teriam recebido R$ 1,6 milhão de forma ilegal do grupo Odebrecht entre 2008 e 2014. Parte do repasse declarado como sendo do grupo Petrópolis, da cervejaria Itaipava, e de duas distribuidoras de bebidas.

O presidente da Câmara negou as acusações, que afirma estarem baseadas apenas em palavras de delatores e disse confiar no arquivamento do inquérito.

Os caixas – Enquanto o caixa 1 é a contabilidade formal e o caixa 2, a contabilidade informal, no crime de Caixa 3, empresas e candidatos usam estabelecimentos atravessadores para fazer os repasses de campanha. Com isso, políticos se desvinculam de doadores ou recebem verba superior à permitida, por exemplo.

De acordo com a PF, “ocorreu a utilização fraudulenta do sistema eleitoral para recebimento de valores indevidos nos anos de 2010 e 2014 pelo ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro Cesar Maia e o deputado federal Rodrigo Maia, nos pagamentos realizados por parte do grupo Odebrecht”, mediante a utilização de empresas.

O relatório conta a partir de 2010, pois os supostos pedidos de dinheiro de dois anos anteriores teriam sido feitos por Maia e o pai não na condição de candidatos, mas, sim, de coordenadores de campanha do Democratas. A Polícia Federal encaminhou o documento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que, nesta segunda-feira (26/8), o repassou à procuradora-geral da República. O relatório tem 148 páginas.

A PF sustenta que Rodrigo Maia e Cesar Maia praticaram caixa 3 “ao apresentar apenas as informações de cunho estritamente formal das doações repassadas por empresas interpostas, quando o verdadeiro doador era o Grupo Odebrecht, bem como cometeram o delito de lavagem de dinheiro quando, em 2010 e 2014, ocultaram e dissimularam a origem, com o objetivo de dar lastro e legitimar o recebimento de valores indevidos com as doações eleitorais feitas pelo Grupo Petrópolis e as distribuidoras de bebidas” a pedido da empreiteira.