19 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

PGR condena “caixa de segredos” da Lava Jato dentro da instituição

Augusto Aras condenou a existência de 50 mil documentos escondidos pela Operação

Aras condena documentos escondidos da Lava Jato

A força-tarefa da Lava jato “é uma caixa de segredos”. Pelo menos foi o que declarou o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. Para ele, não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos.

Aras fez suas declarações durante uma webconferência sobre os Desafios da PGR em Tempos de Pandemia.

Ele estranhou inclusive o fato de todo o Ministério Público Federal (MPF) no seu sistema único de operação em internet ter 40 terabytes para funcionamento, enquanto a força tarefa de Curitiba tem 350 terabytes “e 38 mil pessoas com seus dados depositado, que ninguém sabe como foram escolhidos”. Para ele, uma caixa de segredos indevida dentro do MPF.

Aras disse que recentemente foram descobertos 50 mil documentos invisíveis à corregedoria. “Não podemos aceitar 50 mil documentos sob opacidade. É um estado em que o PGR não tem acesso aos processos, tampouco os órgãos superiores, e isso é incompatível”, afirmou.

Em uma derrota para a Lava Jato, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, determinou no início do mês que os procuradores enviem à PGR todos os dados de investigações já colhidos pela operação, incluindo as forças-tarefas de Curitiba, do Rio de Janeiro e São Paulo.

Em dez meses à frente do MPF, disse ele, sua gestão procurou reconduzir a instituição à sua unidade contra o que chamou de aparelhamento ocorrido em gestões anteriores.

“A nossa maior preocupação foi reconduzir [o MPF] à sua unidade”, afirmou. “Não permitir que haja um aparelhamento desta instituição, que importa em segregação de muitos membros, que não concordam com este modus de fazer política institucional.”

Aras disse que o Ministério Público vinha sendo muito mais uma instituição de independência individual de seus membros do que propriamente da unidade.

Ele ainda afirmou que buscou construir essa compreensão de unidade para, entre outros objetivos, acabar com “privilégios que alcançaram pequenos grupos, que partilharam de viagens internacionais, partilharam de favores, de cursos, de cargos”.

De acordo com Aras, a atual gestão abriu todas essas oportunidades para que distintos segmentos da carreira pudessem mostrar sua capacidade e ter realização profissional.