Nove associações de juízes e procuradores assinam ofício enviado a ministros do STF com apelos para que eles aprovem um aumento de 16,3% nos próprios salários –desencadeando reajustes em todo o Judiciário.
Não majorar o subsídio é “condenar os magistrados a serem os únicos a sofrerem, sem recomposição, a dureza da inflação”, diz a entidade. Talvez eles não se toquem que, em junho, o Brasil tenha 13,2 milhões de desempregados de acordo com o IBGE, enquanto que no ano passado o gasto médio com um juiz é de R$ 47,7 mil/mês.
Um ministro do STF recebe R$ 33,7 mil todo o mês, mas ainda há os benefícios. O estudo do Conselho Nacional de Justiça leva em conta, além do salário, repasses como o auxílio-moradia, diárias e passagens. Apesar disso, o ofício lembra que a magistratura está sem reajuste desde 2015, “com sensível e insuportável perda monetária acumulada”.
Eles querem aprovar o reajuste ainda neste ano, pois “diante crise que assola o país, dificilmente haverá nova oportunidade até 2021”. Trocando em miúdos: vamos quebrar agora a economia nacional, pois mais pra frente será mais difícil.
Pra piorar, os ministros do STF estão divididos sobre o assunto, integrantes do Supremo e das entidades de classe apostam que o novo salário seja aprovado.
Paralisação
Em março deste ano, juízes federais em todo o Brasil realizaram uma paralisação em defesa do auxílio-moradia, benefício hoje pago no valor de R$ 4.377,73, e do aumento nos salários, que as categorias dizem estar defasados. Ainda assim, um juiz federal em início de carreira tem um salário bruto (sem descontos) de R$ 27.500.
Até o Paladino da Justiça Sérgio Moro recebe a mamata. Mesmo com o teto do setor público em R$ 33.763, com o auxílio o juiz da Lava Jato já teve o salário elevado para mais de R$ 41 mil.
E como dono de imóvel próprio na capital paranaense, Moro fez uso de decisão liminar de setembro de 2014, do ministro do STF Luiz Fux, para passar a receber auxílio-moradia no valor de R$ 4.378.
Não é ilegal. Mas é imoral.