O rio São Francisco desaguou na 70ª edição da reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) para que a academia pudesse se debruçar sobre os desafios políticos, sociais e econômicos desse importante “rio da integração nacional”.
No leme das discussões, o jornalista, ambientalista e ativista político alagoano Anivaldo Miranda, de 73 anos, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Antes mesmo do surgimento do Comitê, em 2001, ele já corria daqui pra lá e, de lá pra cá, para chamar a atenção do país para a necessidade de atenção ao Velho Chico.
Miranda reside em Maceió, mas parece morar na correnteza do rio. Ontem, as discussões entraram noite à dentro (rio abaixo, rio acima). Hoje, lugar mais limpo, Miranda já não está nas Alagoas, seguiu para outro evento do Comitê.
Contudo, deixou seu recado à SBPC. Defendeu urgente mudança da matriz energética no Velho Chico, privilegiando os sistemas eólicos e solares; e relacionou os pactos defendidos pelo Comitê para a manutenção do rio da integração nacional.
Numa fala contundente, alertou para o silêncio da Academia. “Estão penhorando bens que não são nossos, são das futuras gerações, inclusive com o silêncio da Academia, é preciso dizer isso”, afirmou , atraindo os aplausos da plateia.
Miranda também puxou as orelhas do Congresso Nacional, quando alertou para o desmatamento do cerrado e do semiárido, biomas dos mais antigos do Planeta. “O silêncio do Congresso Nacional também é alarmante nesse quesito. Houve a aprovação de leis que visam preservar a Amazônia, que já foi devastada mesmo, mas se esquece dos demais biomas”, alfinetou.
Desde 2013, Alagoas e Sergipe têm sido os estados mais afetados com a seca que compromete a vazão do Velho Chico.
As espécies ribeirinhas estão ameaçadas. O impacto ambiental, social e econômico é imenso, e não só para esses dois estados. Só lembrando, em Alagoas, o rio São Francisco banha quase metade dos municípios.
Como o próprio Miranda parece deixar implícito na sua fala que rompe silêncios, é preciso mais que salvadores da pátria. O rio ainda quer viver.
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(Com informações da Ascom do CBHSF)