14 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Procuradora pede perdão para Lula e praticamente confirma veracidade da Vaza Jato

Lula recebeu com “extrema indignação” e “repulsa” as conversas com ódio e comentários jocosos sobre as mortes de seus parentes

Assim como quando Sergio Moro pediu desculpas ao MBL quando flagrado criticando ações do grupo, mais uma vez um personagem da Vaza Jato pediu desculpas pelo conteúdo de um dos diálogos, reforçando mais uma vez: é tudo real e não criação do The Intercept Brasil.

Desta vez, o pedido desculpas, direcionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), veio da procuradora Jerusa Viecili, da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Nos diálogos obtidos pelo site Intercept, analisados e publicados pelo UOL, os integrantes da Lava Jato ironizaram a morte da esposa de Lula, Marisa Letícia, e os pedidos do ex-presidente para ir aos enterros de familiares que morreram.

Procuradora da Republica Jerusa Burmann Viecili

Ao comentar as publicações decorrentes dos vazamentos de mensagens, os procuradores sempre afirmavam que não reconheciam a autenticidades das mensagens e levantavam suspeitas para eventuais adulteração nos conteúdos publicados. Caíram em contradição mais uma vez, apesar dela insistir que ali pode ainda conter alterações:

Comentários maldosos

A nova fase da Vaza Jato mostrou comentários completamente sem humanidade dos membros da Lava Jato, sobre a morte da ex-primeira-dama e sobre os pedidos do ex-presidente para deixar a cadeia e ir aos enterros do irmão Vavá e do neto Arthur, de 7 anos:

A mesma procuradora, em 1º de março deste ano, compartilhou com os colegas matéria sobre a morte de Arthur e escreveu: “preparem para nova novela ida ao velório”.

A reportagem manteve as grafias das mensagens tal qual constam nos arquivos enviados ao Intercept, mesmo que contenham erros ortográficos ou de informação. Não há indícios de que as mensagens tenham sido adulteradas.

A morte encefálica da ex-primeira-dama foi confirmada em 3 de fevereiro de 2017. Na véspera, a procuradora da República Laura Tessler, do MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba, sugere que Lula faria uso político da perda da mulher.

Os diálogos mostram ainda que procuradores divergiram sobre o pedido de Lula para ir ao enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em janeiro passado, quando o ex-presidente já se encontrava preso, e que temiam manifestações políticas em favor de Lula.

Na ocasião, alguns membros da Lava Jato disseram acreditar que a militância simpatizante de Lula pudesse impedir a volta dele à superintendência da PF, em Curitiba.

Lula

Lula recebeu com “extrema indignação” e “repulsa” as mensagens divulgas. Por meio de nota, o ex-presidente disse que os procuradores “referem-se de forma debochada e até desumana” às mortes de seus entes queridos. Ele afirma ter recebido as revelações da reportagem com “extrema indignação”. Confira a nota:

“Foi com extrema indignação, com repulsa mesmo, que tomei conhecimento dos diálogos em que procuradores da Lava Jato referem-se de forma debochada e até desumana às perdas de entes queridos que sofri nos anos recentes: minha esposa Marisa, meu irmão Vavá e meu netinho Arthur.

Mas não imaginava que o ódio que nutriam contra mim, contra o meu partido e meus companheiros, chegasse a esse ponto: tratar seres humanos com tanto desprezo, como se não tivessem direito, no mínimo, ao respeito na hora da morte. Será que eles se consideram tão superiores que podem se colocar acima da humanidade, como se colocam acima da lei?”. Lula, ex-presidente.