Para se livrar do impeachment a presidente afastada, Dilma Rousseff, precisa do voto de 28 senadores. A situação não está nada fácil, reconhecem os próprios aliados. Por enquanto, a contagem não passa de 18 votos contra o impeachment, embora haja um universo variável de 10 a 14 senadores que não manifestaram ainda a intenção de voto, segundo os levantamentos feitos nos bastidores políticos e pela própria mídia.
A última votação no plenário do Senado, em 10 de agosto, terminou com 59 votos favoráveis à instalação do processo de imeachment de Dilma e 21 contrários, levando ao afastamento do cargo e ao julgamento da presidenta.

Para esta etapa final, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda a o processo do impeachement no Senado, pediu aos senadores uma votação mais criteriosa e menos política. Ao assumir os trabalhos na quinta-feira passada, Lewandowski lembrou os parlamentares de que, nesta etapa do processo, eles se tornaram juízes e, por isso, devem deixar de lado a visão político partidária para votar como indivíduos – o que é difícil num julgamento que desde o inicio é revestido de cores político-partidárias.
Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é contra o impeachment apesar de ser do mesmo partido do presidente interino Michel Temer, o resultado da última votação no Senado não diz muito sobre o julgamento final, já que os senadores devem agora revelar sua posição “com mais clareza”.
Para ele, o placar anterior não tem muito sentido na votação final, porque antes, alguns senadores votaram pela admissibilidade para não serem assediados. “O voto verdadeiro é o voto de agora. Eu voto contra. O crime de responsabilidade não existe, e a corrupção nesse processo eleitoral do Senado é evidente”, declarou Requião, em entrevista à Rádio Senado.
Por outro lado, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a Comissão Especial do Impeachment na Casa, declarou não acreditar em mudanças de voto em relação ao processo. Para o parlamentar, os 59 votos favoráveis ao impeachment devem se repetir no julgamento final.
“A minha expectativa é que ao longo desses mais de cem dias houve uma formação da convicção de todos os senadores sobre seu voto. Não acredito em menos de 59 votos no julgamento final e não acredito em mudança de convicção de qualquer senador”, disse Lira, também à Rádio Senado.
Segundo enquete realizada pelo jornal O Globo entre os 81 senadores com assento no Congresso Nacional, 53 declararam voto favorável ao impeachment, enquanto 18 se disseram contrários. Outros dez não opinaram. Já o Estadão contabilizou 49 votos a favor e 18 contra, além de outros 14 que não quiseram responder.
Segundo a Folha de São Paulo, o presidente em exercício, Michel Temer está esperançoso. Na última quarta-feira, questionado pelo jornal sobre quantos votos acredita ter a seu favor, ele respondeu com precisão: 54 – exatamente o número que precisa para deixar de ser interino e assumir definitivamente o mandato. Mas segundo a própria Folha, nos bastidores do Planalto, a expectativa é bem mais otimista – eles esperam obter 63 votos favoráveis ao impeachment.