7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Quando o Brasil será passado a limpo?

Por Wagner Melo, jornalista

Ao fim das convenções partidárias, o sentimento que fica é de frustração e apatia, principalmente, para quem nutre aquele sentimento de que o país precisa da liderança de pessoas que redirecionem o leme.

Porém, o sistema político atual garante aos velhos partidos o direito de criar “filtros” que impeçam a renovação e deem sustentação a propostas destinadas a desviar o barco chamado “Brasil” da perigosa barreira de corais que surge à frente.

Sem uma reforma política profunda não temos saída. Mas, as regras são ditadas por quem goza de privilégios. E o povo? Distraído com discursos moralistas e apegado a heróis, somente fortalece os oportunistas, mesmo com os livros de História mostrando, na prática, para onde surtos de histeria coletiva nos levam.

Uma discussão interessante numa suposta reforma política seria a liberação das candidaturas avulsas, tema que já foi acatado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, sabe-se lá quando o debate deve ir ao Pleno?

Atualmente, a filiação partidária é uma das condições de elegibilidade previstas no parágrafo 3º do artigo 14 da Constituição Federal. Acredito que se fossem válidas as candidaturas sem filiação partidária para as eleições majoritárias (presidente, governador, senador e prefeito), os partidos se veriam obrigados a melhorar a representatividade para concorrer às eleições.

Porém, é preciso ter cuidado para não cairmos na armadilha do personalismo e do oportunismo. Para especialistas, a medida enfraqueceria os partidos, essenciais para garantir a representatividade num sistema democrático.

Mas, numa eleição em que 59% não sabem em quem votar (CNI/Ibope), quem está se sentindo representado? Os “donos” de preciosos minutos no horário eleitoral gratuito? Das “legendas de aluguel”? Que põem projetos pessoais de poder acima do coletivo?

Tudo tem que mudar e ser repensado nesse país. Senão daqui a cem anos, a frase do jornalista Boris Casoy, repetida há décadas, não terá saído de moda: – É preciso passar o Brasil a limpo.