21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Quer menos direitos: Para Bolsonaro, trabalhador rural não é gente

Além de mentir sobre atuar contra Lamarca e atacar cotas, pois nunca escravizou ninguém, pré-candidato do PSL emenda ideia de escravizar trabalhadores rurais: “não pode parar no sábado, domingo e feriado”

O pré-candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foi entrevistado pelo programa Roda Viva da TV Cultura. E soltou algumas pérolas, mostrando um pouco de sua verdadeira índole. Não que isso afete muito o pensamento de quem já está alinhado com ele, o que é preocupante.

Na entrevista de mais de uma hora, que pode ser vista abaixo, claro, também teve mentiras. Uma delas foi a de que quando esteve no exército, Bolsonaro fez parte da tropa que combateu o guerrilheiro Carlos Lamarca, um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar instaurada no país em 1964.

O problema é que Lamarca morreu em 1971. E tendo nascido em 1955 e só se formado nas Agulhas Negras em 1977, o que estaria fazendo um Jair de Bolsonaro com 16 anos em uma tropa do exército? Isso não é ser mito, é fazer parte de mitologia: é história inventada.

E além de dizer que, como pessoa, não escravizou ninguém, ele não concorda com as cotas. “É justo a minha filha ser cotista? O negro não é melhor do que eu, e nem eu sou melhor do que o negro. Na Academia Militar das Agulhas Negras, vários negros se formaram comigo”, disse ele. Bom Jair ter esclarecido que tem amigos negros, pois isso o exime de ser racista.

Resta saber se dentre seus companheiros de cor, não havia nenhum vagabundo, que não servisse nem mesmo para procriar. Ou se algum dos seus amigos afrodescendentes pesava pelo menos 7 sete arrobas. Em tempo, se esse parágrafo soa absurdo, é por ser declarações dele.

CLT Rural não

E finalmente, em defesa ao empresário brasileiro, que sofre na CLT. “Dadas as condições que existem na lei, você é desestimulado.”, afirma Jair. Ele sugeriu ainda que o trabalhador rural fosse colocado mais de escanteio ainda.

Questionado sobre como planeja lidar com o problema do desemprego no campo se for eleito, Bolsonaro disse: “O homem do campo não pode parar no Carnaval, sábado, domingo e feriado. A planta vai estragar, ele tem que colher. E fica oneroso demais o homem do campo observar essas folgas nessas datas, como existe na área urbana.”

Em outras palavras: o trabalhador rural não é gente. Não deve ter folga nem no domingo, nem no feriado. Seria caro. Na verdade, o que Bolsonaro precisa é de escravos.