28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Relator, Rodrigo Cunha vai tirar ‘taxa das blusinhas’ de projeto no Senado

Senador alagoano defende que a taxação de compras internacionais seja votada em um projeto separado

O senador Rodrigo Cunha, (Podemos-AL), relator do projeto que inclui a a chamada “taxa das blusinhas”, já adiantou que vai retirar esse trecho que propõe taxar em 20% compras internacionais de até US$ 50, taxação que afeta compras em sites internacionais como Shein, AliExpress e Shopee.

“Esse assunto não foi tratado, e deveria ter sido tratado, da Câmara com o Senado e com o governo. O que se foi colocado desde o início é que houve um acordo de o presidente Lula não vetar o acordo de 20% com a Câmara, mas quanto ao Senado não houve esse tipo de conversa”.

A dita “taxa das blusinhas” foi aprovada na semana passada em votação na Câmara e seguiu para o Senado O texto seria votado na quarta-feira (29), mas foi adiado para hoje. O relatório de Cunha ainda não foi apresentado.

“Não é o momento ideal. Não será taxar as blusinhas que vai fazer com que o país melhore de um dia pro outro. Mas o que nós vamos fazer de maneira responsável é tratar esse assunto de maneira pertinente, e não permitir um jabuti, uma matéria estranha, uma artimanha legislativa ser colocada em um projeto tão importante como esse e as pessoas serem surpreendidas. E repito, mais uma vez, o próprio governo ser desconsiderado”.

Cunha defendeu, no entanto, que a taxação de compras internacionais seja votada em um projeto separado, sendo antes avaliar os efeitos do programa Remessa Conforme, instituído pelo governo federal em 2023.

“Sou um defensor da redução da carga tributária nacional. Compreendo as colocações do setor varejista e do governo, mas não podemos de forma afoita impor uma taxa de 20% para compras internacionais de até US$ 50 sem antes realizarmos uma ampla discussão com sociedade, empresários, governo e parlamento nacional. Lembro também que o governo criou recentemente o programa Remessa Conforme, que já tributa as encomendas internacionais. Por este motivo, em meu relatório, expresso minha posição contra a taxa”.

O relator ainda defendeu a importância do Mover.

“O Mover é uma ação primordial para a eletromobilidade no Brasil, e seu debate não pode se misturar a outras questões. Respeito a posição do governo e a iniciativa da Câmara dos Deputados, mas como senador relator da proposta, pontuo que, do jeito como ela chegou ao Senado, sua tramitação nesta Casa não pode se dar desta maneira açodada”.

Com a mudança, se o relatório sem a taxa for aprovado no plenário do Senado, ele terá que voltar à Câmara. De lá, ainda que os deputados retomem a taxação, o texto segue para sanção do presidente Lula.