28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Expresso

Revolta na cultura: Prefeitura vai pagar R$ 1,2 milhão a sertanejo Zé Neto

Contrato milionário publicado no DOM foi visto como acinte aos fazedores da cultura local que cobram cachês atrasados

Após protestos de artistas locais, que não são respeitados pela gestão municipal, a Prefeitura de Maceió anuncia a contratação do cantor sertanejo Zé Neto por R$ 1 milhão e 200 mil, conforme publicação no Diário Oficial do Município.

Os artistas fizeram protestos por que não recebem os valores ínfimos de seus contratos, ainda de eventos passados. Por isso foram à praça Dois Leões, nesta terça-feira, 11, quase em frente a sede da Prefeitura e manifestaram repúdio à gestão do prefeito JHC pelo descaso com a cultura local.

Na praça, “os fazedores cultura” protestaram contra o calote dos cachês, muitos deles do São João de 2023. Com faixas e cartazes, eles pediram respeito ao setor cultural alagoano e deixaram claro que fazer “cultura em Maceió não é massa”.

Contratos milionários

Enquanto isso, a prefeitura fez um contrato sem licitação para “São João Massayó 2024”, com a empresa Balada Eventos e Produções no valor de R$ 1,2 milhão, exatamente para pagar o cachê do “sertanejo” Zé Neto, natural de São José do Rio Preto, São Paulo.

Além do sertanejo paulista, a Prefeitura de Maceió também vai pagar o mesmo valor para o cantor Gustavo Lima.

“Mais que um desrespeito é um acinte contra o movimento cultural da cidade, contra os artistas e a sociedade em geral que, naturalmente, vai pagar essa exorbitância, principalmente depois dos R$ 8 milhões que saíram dos cofres municipais para pagar a Escola de Samba Beija Flor no carnaval deste ano”, reagiu o presidente do PT, Ricardo Barbosa, ao tomar conhecimento da publicação do contrato no Diário Oficial.

O dirigente ainda estranhou o silêncio da Câmara de Vereadores de Maceió, diante do descaso municipal para com a cultura e os artistas alagoanos. “É lamentável que tudo isso esteja acontecendo, inclusive diante dos órgãos de fiscalização”, declarou.