22 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Nada sutil: SBT retrocede alguns anos e reutiliza slogan da ditadura militar

Curiosamente, hoje celebra-se 30 anos da Constituição Federal

Esta pode dar medo, pois a mensagem não foi nada sutil, ou dar raiva, pois é notório que o próximo governo, detentor desta ideologia: venceu uma eleição de forma democrática, apesar dos meios.

O SBT começou a exibir uma série de peças publicitárias exaltando o Brasil. Entretanto, o que mais chama a atenção nas propagandas, veiculadas nos intervalos comerciais, são frases do tempo da ditadura militar (1964-1985). Curiosamente, hoje celebra-se 30 anos da Constituição Federal.

Em uma das campanhas, um locutor diz: “Brasil: ame-o ou deixe-o”, ao som do Hino Nacional. Esta frase atacava quem se opunha ao regime. O canal já afirmou que não vai se pronunciar por questões estratégicas”.”Brasil: ame-o ou deixe-o” surgiu

Durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), quando foi criado o slogan, houve a maior repressão a opositores da ditadura militar. Segundo relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), entregue em dezembro de 2014, 98 pessoas foram assassinadas por motivação política no período.

Há alguns dias circula a notícia de que Silvio Santos poderia ressuscitar a Semana do Presidente para agradar Bolsonaro. Veiculado nas noites de domingo, auge da audiência da emissora, foi criado no início dos anos 1980 como forma de agradar o então presidente João Figueiredo, o último do período da ditadura civil-militar

O miniprograma foi ao ar por mais de 20 anos, até o governo o fim do segundo mandato de Fernando Henrique, já na década de 2000. A concessão da TVS, hoje SBT, foi dada a Silvio Santos durante o governo Figueiredo.

Logo depois, o apresentador e empresário criou o programa para divulgar os feitos do governo. A Semana do Presidente era uma espécie de boletim de divulgação dos atos do governo, custeado pelo Estado. No regime militar, foi usado como mais um recurso para estimular o ufanismo e aumentar a popularidade do governo.

Ufanismo

Foram exibidas outras cinco propagandas com teor nacionalista: “Eu te amo, meu Brasil”, com a música homônima composta pela dupla Dom & Ravel e sucesso durante a ditadura na voz do grupo Os Incríveis; “Brasil de encantos mil”, ao som de “Cisne Branco”, hino da Marinha; “Pra frente Brasil”, com a marchinha composta por Miguel Gustavo e que se tornou tema da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970; “Brasil, pátria amada”, com o Hino da Independência; e “Brasil pátria amada”, ao som do Hino à Bandeira.

As campanhas ufanistas coincidem com a chegada de Jair Bolsonaro ao Planalto. Apoiador da ditadura militar (considerada por ele um “regime”) e da tortura, o capitão reformado do Exército foi eleito presidente da República no dia 28 de outubro, ao derrotar nas urnas Fernando Haddad (PT).