20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Sem ter como pagar hospital nos EUA, Bolsonaro deve voltar ao Brasil para se operar

Com medo de voltar ao Brasil por causa dos crimes cometidos, ex-presidente alegará ser “preso político”

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ter que finalmente voltar ao Brasil, país que abandonou em fuga para os Estados Unidos, desde antes do fim de seu mandato. O motivo seria de força maior, mas não por pendências com a justiça: o problema seria novamente sua saúde.

Seu médico pessoal, Antônio Luiz Macedo (único que o acompanha desde a facada em 2018), informou à coluna Painel, da Folha de São Paulo, que o ex-presidente deve ser submetido a uma nova cirurgia.

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A cirurgia nos EUA está fora de questão: como lá não tem um Sistema Único de Saúde como o brasileiro, realizar um procedimento cirúrgico é praticamente “decretar falência”, pois nos EUA o subsídio é apenas para pessoas abaixo da linha da pobreza.

Jair já publicou neste ano, em 9 de janeiro, uma imagem nas redes sociais afirmando ter dado entrada num hospital em Orlando, na Flórida. Ele teria permanecido numa unidade de saúde durante dois dias por causa de uma obstrução intestinal.

Preso político

Com medo de voltar ao Brasil por causa dos crimes que cometeu, Bolsonaro alegará ser “preso político” e se dirá alvo de “perseguição” caso Alexandre de Moraes determine sua prisão. O ex-presidente, claro, insiste não ter incorrido em nenhuma prática criminosa.

Bolsonaro afirmará, caso alvejado, sofrer perseguição por conta de suas posições quando presidente. Ainda não está claro se o discurso ficaria no campo da retórica ou se seria usado para pedir asilo político.

Curiosamente, a tese de “prisão política” já foi usada pelo principal adversário de Bolsonaro, em circunstâncias diferentes. Há não muito tempo, Lula se dizia perseguido pela Lava Jato. As condenações, no caso do atual presidente, acabaram anuladas pelo STF.

Lula, no entanto, nunca fugiu do país e encarou a prisão sem nunca ter chorado com aliados de Bolsonaro.

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Outro ponto citado por aliados de Bolsonaro para contestar eventual prisão seria a “inconstitucionalidade” do inquérito dos atos antidemocráticos. A alegação é que o fato de o STF ter agido de ofício, em vez de provocado, deslegitimaria a investigação.