28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Taxa para compras abaixo de US$ 50 esbarra na escolha do vice na chapa de Maceió

Arthur Lira quer indicar prima ou aliado político, mas JHC quer o senador Rodrigo Cunha, relator que negou avançar com “taxa das blusinhas”

Prefeito JHC (à esquerda) tem como padrinho político o deputado federal Arthur Lira (PP), mas deve indicar o senador Rodrigo Cunha (Podemos) para compor sua chama nas eleições

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, ficou irritado com a decisão do senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), relator do projeto de lei sobre o programa Mover, em retirar o penduricalho que taxaria em 20% compras internacionais inferiores a US$ 50 dólares.

Com isso, mais uma vez milhões de brasileiros que fazem suas compras internacionais em sites com Shopee, Shein ou Aliexpress, vão ter que aguardar se serão taxados ou não pelas suas compras – no que ficou simploriamente chamado de “taxa das blusinhas”.

Leia mais: Relator, Rodrigo Cunha vai tirar ‘taxa das blusinhas’ de projeto no Senado

Tudo porque João Henrique Caldas, o JHC (PL), prefeito de Maceió, não indicou um nome escolhido por Lira para compor a chapa na eleição de Maceió em outubro deste ano – que já é tida como ganha por ele.

No entanto, o presidente do Congresso, e padrinho político do prefeito, quer nomes como Jó Pereira (Secretária de Educação de Maceió e prima de Lira) ou Davi Davino Júnior, ex-deputado e aliado fechado de Lira.

Cunha, Lira e JHC, com Davi Davino Filho (segundo na foto) em tempos de maior concodância

JHC teria escolhido o senador Rodrigo Cunha, exatamente o relator no senado. Convite que o senador prontamente já negou ter acontecido, mas o ponto não é esse.

A questão é que, claro, tudo tem um projeto muito maior, que não envolve só o próximo vice-prefeito de Maceió. Muito menos se eu ou você seremos taxados pelas nossas compras internacionais. O importante aqui é quem será eleito Senador por Alagoas em 2026

Cadeira no Senado

Com Cunha confirmado como vice na chapa, ele precisaria se afastar do Senado. Assumiria a vaga sua suplente, a ex-prefeita Eudocia Caldas (PL), que, surpresa, é a mãe de JHC.

Além da tentação em fazer com que sua mãe ocupe uma cadeira no senado por mais de dois anos, JHC aparentemente almeja o mesmo posto e isso tem incomodado Arthur Lira, que após ser presidente do Congresso nos governos Bolsonaro e Lira, não quer mais ser um peixe grande na Câmara dos Deputados e pensa em uma vaga no Senado.

O problema é que em, 2026, o senado Alagoano já tem um nome de peso quase garantido: o eterno senador Renan Calheiros (MDB). Resta então uma vaga.

Rodrigo Cunha, enfraquecido após perder a eleição como governador de Alagoas em 2022 (e com Jó Pereira como vice na chapa), seria considerado carta fora do baralho, o que facilitaria o caminho de Arthur Lira para ser o outro candidato eleito.

Mas se JHC colocar um nome de confiança como Rodrigo Cunha na prefeitura, ele poderia largar a capital alagoana para disputar a eleição no Senado, colocando três nomes fortes para a disputa de duas vagas: Renan Calheiros, Arthur Lira e JHC. Um não vai avançar.

Furioso, Lira ligou para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e reclamou. E afirmou que vai derrubar o Mover se não for restabelecida no projeto em tramitação no Senado a previsão da taxação dos produtos importados de até US$ 50 “Precisamos honrar os acordos”, disse ele.

Quem se importa com a população nessa história toda, não é mesmo?