Nelson Teich, desde sua posse como ministro da Saúde, ainda não havia se reunido com os 27 secretários estaduais do setor para tratar da pandemia de covid-19. Demorou 18 dias para isso acontecer.
E nesta terça (5), por videoconferência, os secretários o pressionaram sobre a demora na tomada de decisões e arrancaram dele compromissos que contrariam o presidente Jair Bolsonaro.
Antes, como Luiz Henrique Mandetta (DEM), antigo ministro, as conversas eram diárias. E isso gerava reclamações entre os secretários, que na primeira oportunidade, não pouparam cobranças:
- os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) chegam em quantidade muito pequena a estados e municípios;
- o ministério habilita poucos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva);
- a oferta de testes é pequena;
- o governo federal não ajuda no financiamento dos hospitais de campanha.
O ministro havia informado que encomendou de empresas nacionais 14.100 respiradores, com entrega de 200 unidades por semana. A informação frustrou os secretários: eles só receberiam todos os aparelhos em 2021.
Contra Bolsonaro
O principal pedido feito ao ministro vai contra o que quer o presidente Bolsonaro. Para os secretários, o governo federal precisa declarar-se explicitamente a favor do isolamento social, o que havia resultado na demissão de Mandetta.
Para os secretários, é “impossível” que estados e municípios mantenham uma recomendação diferente da do governo federal. Eles, então, arrancaram de Teich a promessa de que o Ministério da Saúde produzirá uma peça publicitária recomendando o isolamento em todo o Brasil. As peças devem ser regionais para se adaptar às necessidades de cada estado.
Provavelmente efeito da reunião, mas na coletiva de imprensa de ontem, onde foram informadas mais 615 mortes pelo covid-19, Teich mencionou pela primeira vez a possibilidade de recomendar lockdown pontualmente nas regiões mais afetadas.
Críticas de Lula
O Ministro da Saúde não sabe nem colocar uma máscara… Imagine combater uma pandemia. pic.twitter.com/t7EARoJnsa
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) May 4, 2020
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual ministro da Saúde, Nelson Teich, discutiram nas redes sociais.
Após cenas da visita do ministro em Manaus, Lula provocou Teich, dizendo que médico parecia “nunca ter entrado em uma Unidade Básica de Saúde” e esperava nem mesmo “precisar nunca tomar uma injeção com ele”.
Teich respondeu com seu currículo, provando anos de trabalho no SUS..
Como o senhor deve saber @LulaOficial , um dos pontos mais graves da Covid-19 é a propagação da desinformação. Iniciei minha carreira há 39 anos no SUS. Meu foco sempre foi a vida e a recuperação dos pacientes. Na #Covid-19, estou ao lado dos brasileiros https://t.co/KPRJugXse8
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 6, 2020
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 6, 2020