20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

TSE teme que Exército seja vago em relatório sobre confiança das urnas

Presidente do partido de Bolsonaro já não reconhece derrota

O Ministério da Defesa encaminha hoje para o Tribunal Superior Eleitoral o relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação, realizado pelos militares.

Integrantes do TSE temem que o relatório sobre as urnas eletrônicas acabe por estimular os atos golpistas espalhados pelo país – mas não pela possibilidade de o material trazer qualquer indício de fraude no processo eleitoral, considerada inexistente.

O risco, avaliam integrantes da corte, é de o documento não ser contundente em relação à lisura do sistema de votação e ser lido por manifestantes insatisfeitos com o resultado das eleições como uma senha para manter a mobilização.

Internamente, generais desde o primeiro turno evitam garantir a segurança das urnas e afirmam, apenas, que os técnicos destacados para a missão “não conseguiram provar” as fraudes.

Assim, qualquer declaração dúbia, avaliam juízes e técnicos da área de inteligência do tribunal, pode ser suficiente para estimular manifestantes a permanecerem nas ruas.

Nos últimos dias, até uma notícia falsa de prisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes serviu para dar mais fôlego às mobilizações.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Jair Bolsonaro, seu candidato derrotado

Partido de Bolsonaro

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, evitou reconhecer o resultado da eleição que terminou com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, diante do candidato de seu partido, o presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL).

Em sua primeira entrevista coletiva desde que ocorreu o mensalão, escândalo que acabou com sua prisão, o dirigente disse que só reconhece da derrota de Bolsonaro após relatório que o Ministério da Defesa apresentará sobre as urnas eletrônicas.

“Vamos ter que esperar o relatório. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], vamos esperar essas respostas”.

Valdemar disse ainda que os militares “vão trazer alguma coisa. Não tenho dúvida disso, porque senão já tinham apresentado antes, liquidado o assunto.

O dirigente partidário foi questionado por jornalistas se, ao não reconhecer a eleição de Lula, não poderia colocar em xeque também a vitória dos mais de cem parlamentares do PL.

Primeiro, disse que “lógico que valeu” a eleição que consagrou seu partido como a maior bancada do Congresso. Em seguida, reconheceu que “pode ser que” a eleição de sua bancada fique ameaçada, a depender do relatório. Mas de qualquer forma, já adiantou que fará oposição ao futuro governo.