20 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Valdemar Costa Neto, um major do Exército e assessores de Bolsonaro são presos

A operação cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em 10 estado e no Distrito Federal

Valdemar Costa e assessores de Bolsonaros são presos como golpistas

A operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (8) prendeu em flagrante o  presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto.

Ele foi um dos alvos de busca apreensão, mas os policiais federais o encontraram armado e sem registro da arma de fogo. A informação é do portal de notícias da Band.

 Valdemar teve ainda o passaporte apreendido e outras medidas cautelares aplicadas durante a operação. A sede do Partido Liberal também foi alvo de buscas.

O presidente do Partido Liberal está prestando esclarecimentos na sede Polícia Federal, em Brasília, declarou que a arma em situação irregular é de seu pai e alegou “lembrança afetiva”.

O advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse, em nota oficial, que o ex-presidente entregará o passaporte no prazo estabelecido pelas autoridades.

“Em cumprimento às decisões de hoje, o presidente Bolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes. Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”, escreveu o advogado do ex-presidente.

Além de Bolsonaro e do presidente do PL, alguns dos alvos da operação são: o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, os generais Augusto Heleno e Braga Netto, ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-assessor Tercio Arnaud.

Na operação, além de Valdemar Costa Neto foram presos também Felipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, no governo passado, Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens, e o Major do Exército Rafael Martins.

Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas.

Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

O que aponta a investigação

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

“O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal”, informou a PF. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Operação Tempus Veritatis

A Operação Tempus Veritatis foi deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia federal  para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

A operação cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em 10 estado e no Distrito Federal (DF). Dois ex-assessores de Bolsonaro, o coronel Marcelo Câmara e Felipe Martins, foram presos. Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.

Entre os alvos estão ainda  os ex-ministros de Bolsonaro general Augusto Heleno (GSI), general Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, como mostrou a Folha. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também é alvo de busca e apreensão.