20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Vídeo: Ações e declarações de Bolsonaro contra indígenas fazem dele um genocida

Se voltar ao Brasil, Jair terá dificuldades em provar que não teve dolo em projeto de eliminação dos Ianomâmis

Com a mudança de governo e as quedas de sigilo, ficam cada vez mais difícil defender o ex-presidente Jair Bolsonaro das acusações de genocídio contra a população indígena, especialmente a ianomâmi.

A principal linha de defesa dele são os fieis bolsonaristas, que ainda estão apoiando o derrotado nas eleições de 2022, mesmo ele tendo fugido do país dias antes do término de seu mandato. Mas o discurso acaba sempre na mesma ladainha de desinformação e pura mentira.

Não só o próprio Jair, lá dos EUA, disse que Lula mentia sobre a situação dos ianomâmis, como afirmou que tudo não passaria de uma “farsa da imprensa da esquerda”.

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As imagens de indígenas desnutridos? Impossível de acontecer no Brasil. Teorias insanas, como índios serem da Venezuela ou tudo ser uma conspiração contra Jair, pois “no mato com água e frutas é impossível passar fome” já proliferam no esgoto que se tornou os residuais grupos de Whatsapp bolsonarista.

Basta ver o ódio virulento após postagem das Forças Armadas Brasileira, que anunciavam o envio de toneladas de alimentos para os índios em tribo em Roraima.

Esse discurso roteirzado de puro ódio contra indígenas tem uma origem: Jair Bolsonaro. Quando deputado federal em 1998, um daqueles vários mandatos em que ele venceu na urna eletrônica durante vários anos, há registros dele indignado com um projeto de lei seu não passando: ele queria anular uma reserva ianomâmi.

Não só isso, como emendou ao mesmo tempo que o exército brasileiro errou ao não fazer como a cavalaria americana e dizimar ao máximo todos os nativos.

Ele realmente falou isso, como comprovado no transcrito daquele dia.

Como presidente, se esforçou ao máximo para eliminar da existência (praticar genocídio) o povo indígena que atrapalhava sua maior preocupação no local: desmatamento e mineração.

Por isso, o governo Bolsonaro ignorou ao menos 21 pedidos formais de ajuda aos Yanomami. O levantamento é de uma reportagem do The Intercept Brasil, de agosto do ano passado, que tomou como base ofícios encaminhados por uma associação indígena a diversos órgãos, denunciando invasões de garimpeiros ao território indígena.

Nas peças encaminhadas à Funai, Ministério Público e Exército, a Hutukara Associação Yanomami já alertava que os conflitos poderiam “atingir a proporção de genocídio”.

Hoje, a terra indígena Yanomami a maior do país em extensão territorial, sofre com a invasão de garimpeiros.  Entre os sobreviventes, crianças e idosos com problemas graves de saúde. Desnutrição, malária e infecção respiratória aguda (IRA) foram algumas das complicações que o Ministério da Saúde do governo Lula encontrou na semana passada.

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Claro, não foi por falta de aviso. Durante vários anos milhões de pessoas procuravam ao máximo denunciar o homem que dizia comer apenas pão com leite condensado no café da manhã (ao contrário do luxo encontrado no seu cartão corporativo), mas tudo era ignorado. Falavam em “fake news” e acusavam a esquerda.

O pior é que nem precisava ir muito longe para ler o que ele falava. Bastava ver.

O pior é que teve gente que votou nisso, durante a campanha presidencial em 2018.

Vai ser difícil Bolsonaro se defender das acusações de ser um genocida.

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Segundo o Ministério dos Povos Originários, comandado pela  ministra Sônia Guajajara, ao menos 99 crianças da comunidade indígena Yanomami já morreram devido o avanço do garimpo ilegal na região.

As mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição, pneumonia e diarreia. As vítimas são crianças de um a quatro anos, e os dados são referentes ao ano de 2022.

Ainda de acordo com o ministério há uma estimativa de que, ao menos, 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome no território.