20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Vídeo: Bolsonaristas fazem balbúrdia na Basílica de Aparecida no dia de Nossa Senhora

Presidente diz que Lula fecharia igrejas, mas é seu lado quem vem apresentando intolerância religiosa

A passagem de Jair Bolsonaro (PL) pela Basílica Nacional de Aparecida no feriado de 12 de outubro virou, claro agenda de campanha. E seus apoiadores hostilizaram a imprensa ou pessoas que trajavam vermelho.

Já o arcebispo Dom Orlando Brandes deixou um recado crítico para o presidente, ainda que sem citá-lo nominalmente. Outro padre disse em púlpito que “não era dia de pedir votos”. Trajados de verde e amarelo, além de copos de cerveja na mão, eles não gostaram. E muitos bolsonaristas vaiaram os padres.

Toda essa balbúrdia provocada pelos apoiadores do presidente no santuário de Nossa Senhora, durante o feriado dedicado à santa padroeira do Brasil, repetem uma grave violência à fé católica promovida por um pastor evangélico, há exatos 27 anos.

Em 12 de outubro de 1995, foi ao ar o programa “Palavra da Vida”, na Record, com imagens do então bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio Von Helder, chutando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com insultos à Igreja Católica e à fé dos católicos na mãe de Jesus Cristo.

O próprio Edir Macedo chegou a admitir que o fato teria sido o maior erro da sua instituição religiosa. O que se viu hoje em Aparecida, a partir de matérias na imprensa e imagens que circulam nas redes sociais, retomam à falta de respeito com uma das maiores expressões da fé brasileira. Até mesmo pessoas trajadas de vermelho, cores associadas ao PT, foram persquidas.

Vale constar que Bolsonaro alimenta o discurso de ódio de seus seguidores, chamando Lula de Satanista e afirmando que o petista vai fechar igrejas se eleito presidente. Pelo contrário: Lula inclusive assinou a lei que instituia a Marcha para Jesus, que Bolsonaro usa hoje com conotações políticas e armamentistas.

Já hoje Bolsonaro não fez questão de esconder que a sua ida ao santuário não passava de uma estratégia de campanha. O presidente se negou a receber a hóstia sagrada – considerada o corpo de Jesus – e não rezou o Pai Nosso, a mais popular oração cristã do Brasil.

Na verdade, se associou aos barulhentos apoiadores, que chegaram a vaiar trechos da pregação dedicada a questões sociais e políticas, incluindo a necessidade do voto consciente.

Durante sua homilia, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, condenou “a pátria armada” em oposição à construção de “uma pátria amada” e conclamou os fiéis a combaterem o “dragão do ódio”, da mentira, do desemprego, da fome e da incredulidade.