27 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Videorrepórter recebe ameaças e casa quase é invadida após filmar ações na Cracolândia

Cerca de 15 pessoas estavam em frente à portaria do prédio, tentando entrar no apartamento, quando ele estava com esposa e minha filha

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) se solidarizam como videorrepórter Caio Castor, que vem sendo ameaçado em redes sociais e sofreu tentativa de invasão de seu apartamento após a publicação de vídeo denunciando um ato de violência policial.

No Bairro Campos Elíseos, centro de São Paulo, concentra-se grande número de moradores de rua; a região, conhecida como Cracolândia, tem sido alvo de ações policiais e protestos de moradores contra a “vizinhança” indesejada.

  • Cena 1 – Guarda Civil Metropolitana agride moradora de rua
    No dia 28/5/2022, sábado, por volta de meio dia, três agentes de segurança da GCM (Guarda Civil Metropolitana) abordam uma mulher. Um ataca com o cassetete e, na sequência, outro espirra spray de pimenta em seu rosto. A violência, filmada por Caio Castor, imediatamente ganha repercussão nas redes sociais.
  • Cena 2 – Moradores se revoltam contra videorrepórter
    Após o vídeo começar a circular, grupos de moradores passam a trocar mensagens em redes sociais com agressões e ameaças verbais contra o videorrepórter e com indignação à violência por ele denunciada. As primeiras mensagens mostram ainda preocupação de que as imagens se espalhem.
  • Cena 3 – Caio Castor sofre tentativa de agressão a ele e à sua família
    Moradores da região descobrem o endereço de Castor e tentam invadir sua residência.

Denúncia de agressão

O videorrepórter denunciou a tentativa de agressão à Comissão de Combate à Violência do Sindicato dos Jornalistas no Estado de SP. O jornalista descreveu os momentos de terror:

“Eram cerca de 15 pessoas em frente à portaria do prédio, tentando entrar até o meu apartamento. Eu estava com minha esposa e minha filha, ficamos muito apreensivos, liguei para alguns amigos e para um advogado. O padre Julio Lancelotti soube do ocorrido e ligou para a Polícia Civil. Ficamos trancados no apartamento. Mais tarde o zelador confirmou que tentaram entrar, mas ele impediu. Na manhã do domingo, vimos mais ameaças pelo whatsapp, inclusive incentivando que eu levasse uma facada ou fosse espancado na rua pelos próprios moradores. Decidimos sair de casa e ir para um lugar seguro. Eu e minha esposa estamos com medo de continuar a morar ali com medo dos cidadãos de bem da região.”

Para imagem ampliada, clique aqui

As trocas de mensagens pelo WhatsApp mostram o grupo de moradores se organizando para “perguntar” ao videorepórter, na casa dele, por que ele havia divulgado o vídeo.

Um dos participantes escreve que deseja que Caio Castor seja esfaqueado: “…estes fdp defensores de bandidos que filmam filmando (sic) a parte que lhes interessa para prejudicar quem tá trabalhando. Gostaria muito de que quem fez isso foi agredido (sic). Esfaqueado na rua por esses nóias…”.

Repúdio à agressão

O Sindicato e a FENAJ repudiam a violência absolutamente desnecessária utilizada pela CGM na abordagem à mulher, assim como repudia a atitude de algumas pessoas desse grupo de moradores que confundem manutenção da ordem com autorização para a polícia usar de violência desmedida contra a população.