6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Violência contra jornalistas só aumenta. E o salário, ó!

Relatório aponta o Brasil no sexto lugar entre as nações mais perigosas do mundo para profissionais de imprensa.

Ilustração Internet

Mobilização e resistência, é nisso que tem se concentrado a luta dos jornalistas alagoanos nos últimas tempos. Luta para sobreviver aos duros ataques que se vestem em múltiplas roupagens contra a profissão e profissionais cuja missão está, sem dúvidas, entre os mais importantes papeis sociais: o de manter a sociedade informada e lhe dá voz na defesa dos interesses coletivos.

Ataques que se traduzem desde o aumento da violência física, apontado em levantamentos feitos por instituições idôneas, até a violência psicológica – caracterizada pela ameaça constante do desemprego; pela sobrecarga multifuncional imposta aos profissionais;  na recusa declarada por muitos empregadores em não pagar horas extras; ou na atitude acintosa das grandes empresas de comunicação do Estado (capitaneadas por grandes empresários/políticos), que na negociação coletiva deste ano anunciaram a intenção de redução dos salários dos jornalistas em R$ 1.400 – isso mesmo – num total desrespeito aos profissionais!

A proposta das empresas, de reduzir em quase 40% o piso salarial dos jornalistas, conquistado a duras penas, há mais de duas décadas, não observa o real valor de uma profissão às vezes insalubre, às vezes perigosa, que por natureza expõe o profissional a agentes e situações nocivos à saúde e ao limite da sua tolerância, em riscos de vida e morte.

Um relatório divulgado pela Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) coloca o dedo na ferida e escancara dados que o UOL transformou em matéria:  “Violência contra comunicadores no Brasil: um retrato da apuração nos últimos 20 anos”.

O documento – que celebra o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa neste 3 de maio – aponta o Brasil como um dos países mais violentos na área de comunicação: sexto lugar entre as nações mais perigosas do mundo nesse item.

Contendo informações oficiais sobre os homicídios praticados contra profissionais da imprensa desde o ano de 1995, com detalhes como estado, ano e o andamento do processo, o relatório é um pedido de socorro diante do quadro apresentado, além de revelar falhas e omissões nos processos de apuração, que por vezes inibem as verdadeiras causas das mortes violentas de jornalistas. 

Veja também em Brasil de Fato, matéria sobre  relatório da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, também confirmando o avanço dos  números de agressões contra jornalistas.

ALGUMAS MORTES EM ALAGOAS:

Jorge Lourenço dos Santos
Jornalista e proprietário da Rádio Criativa FM – morto a tiros, em 2004, supostamente por críticas políticas.

Walter Lessa de Oliveira
Repórter cinematográfico da TV Assembleia em Alagoas, 
morto a tiros em 2008, supostamente por traficantes filmados por ele.

Paulo Antonio da Silva
Cinegrafista, morto por espancamento, em 2017, em decorrência de falsa denúncia de estupro.

E há quem ache que jornalista vive muito bem!

#ReduçãosalarialNÃO!